Notre-Dame: Apresentada ação judicial devido a nuvem de chumbo após fogo
Um grupo ambientalista francês apresentou uma queixa judicial por causa da poluição com chumbo provocada pelo incêndio da catedral de Notre-Dame, ocorrido em abril passado, acusando as autoridades competentes de ineficácia e de falta de transparência, foi hoje divulgado.
© Reuters
Mundo Notre-Dame
Ocorrido a 15 de abril, o incêndio que atingiu a emblemática catedral situada em Paris provocou a libertação para a atmosfera de várias toneladas de partículas de chumbo, tendo sido verificado, em vários locais nas imediações do monumento, níveis de concentração do metal considerados como prejudicais para a saúde pública.
Segundo a associação ambientalista francesa Robin des Bois (Robin dos Bosques, na tradução em português), que apresentou a queixa na sexta-feira junto da Procuradoria de Paris, as diversas autoridades competentes, nacionais e parisienses, falharam por não terem imposto imediatamente medidas de proteção face aos elevados níveis de concentração de chumbo e, como tal, por terem colocado, de forma deliberada, em perigo a vida humana.
"As autoridades competentes, incluindo a diocese (...) falharam na ajuda às populações permanentes, temporárias e aos trabalhadores e deixaram que estes sofressem consequências tóxicas", referiu o texto da queixa, citado pela agência noticiosa France Presse (AFP).
No mesmo documento, o grupo ambiental considerou, entre outros aspetos, que as autoridades deveriam "ter tomado medidas imediatas de confinamento da população e dos trabalhadores locais" e "ter impedido que existisse uma grande concentração de pessoas" na zona quando o incêndio estava ainda ativo.
Para a associação, as autoridades competentes também deveriam ter feito recomendações de saúde "imediatamente após o incidente ou pelo menos dentro de um prazo razoável, ou seja, 24 ou 48 horas depois".
Os ambientalistas apontam responsabilidades à câmara de Paris, ao Ministério da Cultura francês, à Agência de Saúde regional, à polícia parisiense e às autoridades da região da Île-de-France.
As crianças são especialmente vulneráveis a problemas de saúde decorrentes do envenenamento por chumbo, que pode ser fatal.
Na semana passada, a câmara da capital francesa decidiu encerrar provisoriamente e "por precaução" duas escolas localizadas na zona da catedral de Notre-Dame.
Após testes realizados pela Agência de Saúde regional nas instalações das duas escolas foram detetados níveis de concentração de chumbo superiores ao limite de 5.000 microgramas por metro quadrado.
Durante o atual período de férias escolares, estes dois estabelecimentos de ensino estavam a ser utilizados como centros de lazer para cerca de 180 crianças.
As autoridades de saúde pública também recomendaram que fossem realizadas análises de sangue às crianças e às mulheres grávidas residentes nas áreas vizinhas do monumento.
Segundo uma investigação do jornal online Mediapart, publicada este mês, as autoridades francesas terão ocultado da opinião pública que o incêndio que atingiu em abril a catedral provocou a libertação para a atmosfera de uma quantidade de chumbo que ultrapassa amplamente os níveis considerados como seguros para a saúde das pessoas.
O jornal digital francês, que avançou que a "nuvem de chumbo" contaminou as áreas vizinhas do monumento, acusou a câmara de Paris de "não ter realizado uma limpeza profunda" da zona atingida.
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