Afinal, primeiro-ministro de Malta vai manter-se no cargo
O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, não se vai demitir, apesar das pressões sofridas depois de se conhecerem ligações de membros do seu gabinete no âmbito da investigação sobre o assassínio da jornalista Daphne Caruana Galizia.
© Reuters
Mundo Malta
"Muscat continuará concentrado na prioridade de se encerrar um dos maiores casos criminais da história do país, como prometido, e esse será o momento de responder e falar sobre o caminho a seguir", refere o comunicado do Governo.
Os meios de comunicação tinham adiantado que Joseph Muscat iria apresentar hoje a sua demissão, depois de se ter encontrado com o Presidente maltês, George Vela, durante a manhã.
O líder da oposição, Simon Busuttil, do Partido Nacionalista, defendeu que "a saída imediata de Muscat é inevitável e imperativa" para o país.
Na quinta-feira à noite, Joseph Muscat esteve reunido durante sete horas com os seus ministros, tendo afirmado, no final do encontro, que se manteria no poder até que a investigação fosse concluída.
Daphne Caruana Galizia, de 53 anos, foi morta em 16 de outubro de 2017 com uma bomba colocada no seu automóvel em Bidnija, onde vivia.
A jornalista investigava, na altura, vários políticos malteses, incluindo o primeiro-ministro e a mulher, no âmbito dos Papéis do Panamá, que mostraram como centenas de políticos, empresários e celebridades utilizaram paraísos fiscais para evasão fiscal, lavagem de dinheiro e transações ilegais.
Na semana passada, as autoridades maltesas detiveram o empresário Yorgen Fenech, considerado pela família da jornalista e por alguns meios de comunicação social do país como o ou um dos mandatários do crime.
Yorgen Fenech é diretor e proprietário da Electrogas, que ganhou em 2013 um concurso de vários milhões de euros aberto pelo Estado de Malta para a construção de uma central elétrica de gás.
O empresário foi detido a bordo do seu iate, dias depois de ter sido detido um alegado intermediário do crime, Melvin Theuma, a quem foi oferecida imunidade em troca de informação.
Ouvido pela polícia, o empresário Yorgen Fenech envolveu no caso o chefe de gabinete e amigo íntimo do primeiro-ministro Keith Schembri, entretanto detido e interrogado e libertado na noite de quinta-feira.
As alegadas ligações financeiras do dono da Electrogas aos ministros do Turismo, Konrad Mizzi, e da Economia, Chris Cardona, levou à também demissão do cargo dos dois membros do Governo maltês.
A pressão contra o Governo tem aumentado nas ruas da capital de Malta, La Valleta, com protestos contínuos em frente ao parlamento para exigir a saída de Muscat e a verdade sobre um crime que chocou a sociedade.
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