Primeiro-ministro de Malta pode deixar funções em 18 de janeiro
O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, suspeito de interferência na investigação sobre o assassinato de uma jornalista em 2017, pode abandonar funções em janeiro sob determinadas condições, referiu a agência noticiosa AFP, ao citar fontes do seu partido.
© Lusa
Mundo Malta
Responsáveis do Partido Trabalhista, a formação de Muscat, asseguraram que o contestado primeiro-ministro pode demitir-se em 18 de janeiro caso os trabalhistas malteses elejam nessa data um novo líder.
De acordo com este cenário, Muscat deverá anunciar, em data ainda por determinar, "que haverá uma eleição para a direção do partido em 18 de janeiro", com as mesmas fontes a indicarem que "não deve ser designado qualquer dirigente interino porque [Muscat] se demitirá formalmente quando for escolhido o novo chefe".
No sistema parlamentar maltês, o chefe do partido que vencer as eleições legislativas, torna-se de imediato primeiro-ministro.
As fontes não indicaram a forma com Muscat pretende emitir um anúncio oficial sobre as suas intenções -- provavelmente através de uma comunicação ao país pela televisão -- mas sugeriram que não permanecerá no seu posto para além de 18 de janeiro.
Nos últimos dias intensificou-se a pressão sobre o chefe do Governo trabalhista para que abandone de imediato as suas funções.
Daphne Caruana Galizia foi assassinada em 16 de outubro de 2017, aos 53 anos, por uma bomba colocada na sua viatura.
A família da jornalista de investigação (em particular os seus dois filhos), a oposição (Partido Nacionalista) e movimentos cívicos acusaram Muscat de ingerência no inquérito em curso, ao proteger em particular o seu colaborador próximo e ex-chefe de gabinete, Keith Schembri.
Na sexta-feira milhares de manifestantes desceram à rua, para exigir a demissão de Muscat.
"Ele sempre disse que sairia em breve [da chefia do governo] e agora sente que chegou o momento. Mas antes pretende que [o inquérito sobre] a morte de Daphne Caruana Galizia esteja resolvido sob o seu controlo, como prometeu", acrescentaram as mesmas fontes do Partido Trabalhista.
Muscat, 45 anos, no poder desde 2013, está a meio do mandato após ter sido reeleito em junho de 2017 na sequência de um escrutínio antecipado.
Esta eleição foi convocada devido a acusações de corrupção que atingiram o seu círculo mais próximo com a divulgação dos Papéis do Panamá, que revelavam a existência no Panamá de numerosas contas 'offshore' abertas por empresas e personalidades de todo o mundo. A parte do inquérito referente a Malta estava a ser analisada por Caruana Galizia antes do seu assassinato.
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