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Investigadora diz que perdão dos filhos a assassinos de Khashoggi é farsa

A especialista da ONU que investigou o assassínio do jornalista Jamal Khashoggi por agentes sauditas considerou hoje "chocante" que os filhos tenham perdoado os assassinos e afirmou que se trata de mais uma "farsa da justiça saudita".

Investigadora diz que perdão dos filhos a assassinos de Khashoggi é farsa
Notícias ao Minuto

15:48 - 22/05/20 por Lusa

Mundo Khashoggi

"Embora seja chocante, já se esperava o anúncio de que a família do jornalista saudita assassinado Jamal Khashoggi perdoava os assassinos", disse a relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, Agnès Callamard, que refere não se estar a exprimir em nome das Nações Unidas, mas de forma individual.

Jamal Khashoggi, um crítico do regime saudita, foi assassinado e o seu corpo esquartejado em 02 de outubro de 2018 no consulado da Arábia Saudita em Istambul, onde foi buscar um documento para se casar.

Os seus filhos disseram esta madrugada que perdoavam os assassinos do seu pai, uma mensagem que pode permitir que os acusados não sejam condenados a pena de morte, disseram analistas.

"Nós, os filhos do mártir Jamal Khashoggi, anunciamos que perdoamos aqueles que mataram o nosso pai", escreveu na rede social Twitter Salah Khashoggi, filho do antigo jornalista do Washington Post, citado pela agência de notícias AFP.

A noiva de Khashoggi, a turca Hatice Cengiz, afirmou, no entanto, numa mensagem publicada no Twitter, que "ninguém tem o direito de perdoar os assassinos" e que não vai parar "até que seja feita justiça a Jamal".

As autoridades sauditas não responderam publicamente à mensagem.

Após um julgamento pouco transparente na Arábia Saudita, cinco sauditas foram condenados à morte e três foram condenados a prisão pelo assassínio de Jamal Khashoggi. Onze pessoas foram indiciadas.

A sentença, anunciada em dezembro, foi considerada uma "farsa da justiça" pelas organizações internacionais de direitos humanos.

Depois de negarem o assassínio, as autoridades de Riade admitiram que o crime foi cometido por agentes sauditas que agiram sozinhos e sem ordens de altos funcionários.

Mas as autoridades turcas e norte-americanas apontaram o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, apelidado de MBS, como o mandatário do assassinato.

De acordo com as autoridades judiciais da Turquia, o jornalista de 59 anos foi estrangulado, tendo os assassinos esquartejado o cadáver.

Os restos mortais de Khashoggi não foram encontrados até ao momento.

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