Trudeau admite erro por participar em concessão de contrato a instituição
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, assumiu hoje ter errado ao participar na decisão de conceder um contrato de 793 milhões de euros a uma instituição de caridade que pagou centenas de milhares de euros à sua família.
© Reuters
Mundo Justin Trudeau
Justin Trudeau aproveitou a presença dos meios de comunicação para falar sobre a pandemia de covid-19 para fazer um 'mea culpa' público e reconhecer que se equivocou quando não se retirou das negociações que resultaram na concessão de um programa controverso a uma instituição de caridade, a WE Charity.
"Cometi um erro ao não me retirar imediatamente das negociações, face ao historial da nossa família [com a organização] e, sinceramente, lamento não o ter feito", destacou o primeiro-ministro do Canadá, citado pela agência Efe.
O governante canadiano atribuiu à WE Charity, uma organização que trabalha no desenvolvimento de oportunidades para jovens, a gestão de 900 milhões de dólares (793 milhões de euros), destinados a proporcionar a jovens canadianos oportunidades em voluntariado, valor entregue em plena crise económica causada pela pandemia.
O Governo daquele país concedeu o contrato àquela instituição sem lançar um concurso público e justificou a decisão assinalando que a organização, criada por um antigo defensor dos direitos das crianças nos países em desenvolvimento, Craig Kielburger, era a única capacitada para gerir aquele programa.
Durante a semana passada, tornou-se público que a mãe, o irmão e a mulher de Justin Trudeau receberam centenas de milhares de dólares para participarem em eventos da WE Charity.
A filha do ministro das Finanças do Canadá, Bill Morneau, também trabalha para aquela instituição.
Apesar do conflito de interesses, nem Trudeau, nem Morneau, se retiraram das discussões para atribuir à WE Charity o contrato, que acabou por ser cancelado pelo Governo após o escândalo ter sido publicado pelos media.
O comissário federal de Ética canadiano, Mario Dion, anunciou a semana passada a abertura de uma investigação ao primeiro-ministro para averiguar se Justin Trudeau violou a lei de conflito de interesses.
Anteriormente, o comissário já tinha divulgado dois relatórios nos quais concluiu que o primeiro-ministro violou uma lei de conflitos de interesses, em 2017, por aceitar férias na ilha particular de Aga Khan, e no ano passado por tentativa de influenciar processos judiciais no caso SNC-Lavalin.
O principal partido da oposição, o Partido Conservador, pediu à Polícia canadiana uma investigação ao contrato com a WE Charity, para determinar se há responsabilidade criminal.
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