Khashoggi: Sentença "longe de corresponder às expectativas"
A Turquia disse hoje que a sentença do tribunal da Arábia Saudita que anulou as penas de morte pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018 em Istambul ficou "longe de corresponder às expectativas" da comunidade internacional.
© Reuters
Mundo Jamal Khashoggi
"A sentença que um tribunal saudita proferiu hoje sobre a execução do jornalista Jamal Khashoggi dentro do consulado em Istambul fica aquém das expectativas da Turquia e da comunidade internacional", escreveu na rede social Twitter o porta-voz da Presidência turca, Fahrettin Altun.
Um tribunal da Arábia Saudita revogou as cinco sentenças de morte proferidas em dezembro e condenou oito réus, cujas identidades não foram divulgadas, a penas que variam entre 07 a 20 anos de prisão.
"Ainda não sabemos o que aconteceu ao corpo de Khashoggi, quem o queria morto, nem se havia cúmplices locais - o que põe em causa a credibilidade" do julgamento, acrescentou a mesma fonte, citada pela agência AFP.
O porta-voz da Presidência turca pediu ainda aos sauditas que cooperem com a investigação da Turquia sobre o assassinato.
Em julho, a Turquia iniciou um processo para julgar 20 sauditas à revelia. Entre os suspeitos estão dois ex-assessores do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, que nega qualquer envolvimento no assassinato.
Após a divulgação da sentença, a noiva de Khashoggi, de nacionalidade turca, escreveu na sua conta pessoal da rede social Twitter que a comunidade internacional não vai aceitar "esta farsa".
"As autoridades sauditas encerraram este processo sem que o mundo soubesse a verdade sobre quem foi o responsável pelo assassinato de Jamal", acrescentou Hatice Cengiz. "O veredicto final na Arábia Saudita é uma completa paródia da justiça", concluiu Cengiz, dizendo que está "mais determinada do que nunca para lutar para que a justiça seja reposta".
Também Agnès Callamard, a especialista nomeada pelas Nações Unidas para realizar uma investigação independente sobre o assassínio do jornalista norte-americano de origem saudita, disse hoje que a sentença hoje anunciada não tem "legitimidade ou moral", embora tenha saudado o cancelamento das penas de morte.
"O procurador saudita teve um novo gesto nesta paródia de justiça", escreveu Callamard na sua conta de Twitter, cujo parecer não vincula as Nações Unidas. "Estas sentenças não têm legitimidade ou moral. Elas foram emitidas no fim de um processo que não foi justo nem transparente", conclui a especialista.
O jornalista norte-americano de origem saudita Jamal Khashoggi foi assassinado no consulado da Arábia Saudita em Istambul, em outubro de 2018, depois de ter escrito duras críticas sobre o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, em colunas para o jornal norte-americano Washington Post.
Khashoggi vivia no exílio nos Estados Unidos há um ano, denunciando as ações de repressão do príncipe herdeiro saudita contra ativistas de direitos humanos, escritores e intelectuais opositores do regime.
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