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Após silêncio, Filipinas saúda Maria Ressa pelo Prémio Nobel da Paz

O Governo do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, felicitou hoje a jornalista Maria Ressa, uma das principais vozes críticas do regime de Manila, pelo Prémio Nobel da Paz.   

Após silêncio, Filipinas saúda Maria Ressa pelo Prémio Nobel da Paz
Notícias ao Minuto

11:51 - 11/10/21 por Lusa

Mundo Prémio Nobel da Paz

Após vários dias de silêncio sobre o assunto, Harry Roque, porta-voz do chefe de Estado, considerou uma "vitória" o facto de a repórter ter sido distinguida com o Prémio Nobel da Paz.

Trata-se da primeira vez que um cidadão filipino é distinguido com o Prémio Nobel da Paz.

Maria Ressa, de 58 anos, comparte com o jornalista russo Dmitry Muratov o galardão atribuído pelo Comité Nobel norueguês que destacou os esforços de ambos "para a salvaguarda da liberdade de expressão que é uma condição prévia da democracia e para a paz duradoura". 

Por outro lado, o porta-voz do governo das Filipinas afirmou que "a liberdade de imprensa está viva" no país, sublinhando que o Presidente Duterte "não ordenou o fecho" de meios de comunicação social, apesar de não ter sido renovada a licença do canal ABS-CBN.

"Nenhuma pessoa foi censurada nas Filipinas" disse Harry Roque, acrescentando que Maria Ressa vai ter "ainda de lavar o próprio nome nos tribunais".

"Vamos deixar os tribunais decidir", disse o porta-voz de Duterte.

A jornalista Maria Ressa é responsável por uma importante investigação jornalística sobre a polémica "guerra contra as drogas" iniciada por Duterte desde que chegou ao poder, em 2016, e enfrenta sete processos judiciais nas Filipinas.

O portal de notícias fundado por Maria Ressa em 2012, intitulado Rappler, foi várias vezes ameaçado de encerramento por parte das autoridades de Manila.  

A campanha governamental ordenada pelo chefe de Estado contra o consumo e tráfico de estupefacientes nas Filipinas é responsável por milhares de mortos, vítimas de operações policiais e de supostas execuções extra-judiciais que estão a ser investigadas pelo Tribunal Penal Internacional de Haia por crimes contra a humanidade. 

Ressa também mostrou forte resistência contra as "notícias falsas" e campanhas de desinformação através de contras associadas ao regime nas redes sociais como o Facebook.

O Comité Nobel reconheceu a "defesa pela liberdade de expressão" de Maria Ressa e a luta contra o "abuso de poder, uso da violência e contra o crescente autoritarismo nas Filipinas".

"Às vezes brinco e digo que realmente poderia agradecer ao presidente Duterte muitas coisas. Obrigou-me a definir mais linhas e a agarrar-me aos meus valores e ideias; obrigou o Rappler a ser mais idealista, melhor, mais rápido e impulsionado pelos objetivos. Espero que sejamos mais fortes", disse Ressa depois de ter sido distinguida com o Prémio Nobel da Paz.

Leia Também: Vencedora do Nobel da Paz diz que Facebook é "parcial contra factos"

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