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Líbano: Futuro das crianças "está em risco", alerta UNICEF

A UNICEF apelou hoje às autoridades libanesas para que tomem medidas "urgentes" para proteger as crianças no Líbano, país mergulhado numa grave crise política e económica, denunciando também um aumento na insegurança no trabalho e na alimentação.

Líbano: Futuro das crianças "está em risco", alerta UNICEF
Notícias ao Minuto

13:17 - 23/11/21 por Lusa

Mundo Beirute

Cerca de 80% dos libaneses vive abaixo da linha da pobreza e lutam para sobreviver, num contexto de baixos salários, cortes frequentes no fornecimento de energia elétrica, faltas de combustível e uma inflação muito alta.

"É necessária uma ação urgente para garantir que nenhuma criança passe fome, adoeça ou tenha de trabalhar", disse Yukie Mokuo, representante no Líbano do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em comunicado.

De abril a outubro, a UNICEF acompanhou a situação de mais de 800 famílias, observando que as condições de vida se deterioraram drasticamente nesse período. 

"O futuro de uma geração inteira de crianças está em jogo", disse a UNICEF no seu mais recente relatório, que deu conta de que 53% das famílias tinham pelo menos um filho privado de uma refeição por dia em outubro, contra 37% em abril.

"A proporção de famílias [...] que mandam os filhos para trabalhar subiu de 9% para 12%", acrescentou o relatório da UNICEF. 

Cerca de 34% das crianças que precisaram de cuidados básicos de saúde em outubro não puderam recebê-los, contra 28% em abril. 

"A vida é muito difícil e fica mais difícil a cada dia", testemunhou Hanane, uma mãe de 29 anos, citada no relatório da UNICEF.

"Hoje, os meus quatro filhos foram para a escola sem nada no estômago. [...] Tenho pensamentos suicidas e a única coisa que me impede são os meus filhos. É muito mau para eles", relatou ainda Hanane.

Amal, uma menina de 15 anos que colhe frutas no sul do Líbano, conta, por sua vez, que teve de trabalhar para ajudar a família. 

"Os nossos pais precisam desse dinheiro. O que fariam se parássemos de trabalhar?", questionou a adolescente.

Após mais de um ano sem um Governo estável, o Líbano formou um novo executivo em meados de setembro, liderado por Najib Mikati.

A nova equipa governativa inclui personalidades fora do meio político, algumas das quais gozam de boa reputação, como Firas Abiad, diretor do hospital público Rafic Hariri, que lidera a luta contra o novo coronavírus.

O Líbano esteve com um Governo interino desde que o primeiro-ministro Hassan Diab se demitiu a 10 de agosto de 2020, seis dias depois da explosão no porto de Beirute, que causou mais de 200 mortos, milhares de feridos e destruiu bairros inteiros da capital libanesa.

Desde então, a crise económica sem precedentes que o país atravessa desde o verão de 2019 tem continuado a piorar e foi considerada pelo Banco Mundial como uma das piores do mundo desde 1850.

Ciente da situação, Najib Mikati prometeu começar a trabalhar para controlar um dos piores colapsos económicos do mundo, com uma inflação galopante e despedimentos em massa.

Além da queda livre da moeda local, de restrições bancárias inéditas, diminuição de subsídios, falta de combustível e de medicamentos, os libaneses enfrentam há vários meses cortes de energia, que já atingiram as 22 horas diárias.

O novo Governo enfrenta uma tarefa gigantesca que poucos acreditam poder ser superada, incluindo a realização de reformas extremamente necessárias.

Entre as primeiras tarefas estará o controlo da insatisfação da sociedade libanesa e das tensões resultantes da suspensão dos subsídios aos combustíveis esperados até o final do mês.

As reservas em moeda estrangeira no Líbano estão perigosamente baixas e o banco central do país, muito dependente de importações, disse não ser mais capaz de apoiar o programa de subsídios de mais de 5.000 milhões de euros.

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