Guiné-Bissau: Custa acreditar que ainda haja pessoas com cultura de matar
O Presidente da Guiné-Bissau afirmou hoje que lhe custa acreditar que ainda haja pessoas no país com "cultura de matar" e considerou que a tentativa de golpe de Estado de 01 de fevereiro "foi uma terça-feira negra".
© Lusa
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Umaro Sissoco Embaló fez estas considerações ao receber os votos de solidariedade dos funcionários e colaboradores da Presidência da República, à semelhança do que tem acontecido com diversas franjas da sociedade guineense.
"É pena, mas custa-me acreditar que ainda possamos ter pessoas com essa cultura de violência, de matar alguém", declarou o Presidente guineense, depois de ouvir "votos de solidariedade e de fidelidade" transmitidos por Fernando Delfim da Silva, conselheiro presidencial e antigo chefe da diplomacia do país.
O chefe de Estado afirmou ainda que os atacantes do palácio do Governo, numa altura em que presidia à reunião do Conselho de Ministros, poderiam ter tido êxito caso tivessem apenas a intenção de fazer um golpe de Estado.
"Se a intenção deles era apenas fazer um golpe de Estado talvez poderiam ter ajuda de Deus, mas como queriam matar o Presidente, membros do Governo e inocentes, não tiveram êxito", defendeu Embaló, voltando a frisar que "ninguém tem o direito de matar ninguém".
O Presidente afirmou ainda que aprecia o "gesto humano" dos funcionários e colaboradores da Presidência da República.
Em nome dos funcionários, militares e colaboradores, Fernando Delfim da Silva, ex-representante da Guiné-Bissau nas Nações Unidas, deixou uma promessa de "lealdade a toda a prova" para com o chefe de Estado e a sua família e pediu ao Presidente que tenha "coragem e sangue-frio" perante a situação do país.
No dia 01 de fevereiro, homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.
O Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado que poderá também estar ligada a "gente relacionada com o tráfico de droga".
O porta-voz do Governo adiantou no sábado, em conferência de imprensa, que o ataque foi feito por militares, paramilitares e que estarão envolvidos elementos dos rebeldes de Casamansa, bem como várias personalidades, que não especificou.
O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou, entretanto, uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país
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