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Arquiteto japonês Shigeru Ban é prémio Princesa das Astúrias da Concórdia

O prémio Princesa das Astúrias da Concórdia 2022 foi hoje atribuído ao arquiteto japonês Shigeru Ban, pelo trabalho pioneiro na criação de abrigos para refugiados e pelo uso de materiais como o papel nas construções.

Arquiteto japonês Shigeru Ban é prémio Princesa das Astúrias da Concórdia
Notícias ao Minuto

14:17 - 23/06/22 por Lusa

Mundo Arquitetura

"Considerado o grande ativista da arquitetura pela imprensa especializada, Shigeru Ban alcançou o prestígio internacional por ser capaz de dar respostas rápidas e eficazes, com refúgios e habitações temporárias, a situações extremas e devastadoras provocadas, na sua maioria, por catástrofes naturais", escreveu o júri do prémio espanhol, num comunicado.

Shigeru Ban, que nasceu em Tóquio, em 1957, cria essas respostas com base em materiais "não convencionais e reutlizáveis", sublinha o mesmo comunicado, que realça também a "alta qualidade" do design.

Nestas construções para populações refugiadas e deslocadas, "a privacidade e a estética são fatores importantes" porque, na opinião do arquiteto, "contribuem para melhorar o estado psicológico dos seus habitantes", lê-se na mesma nota.

O júri lembra, por outro lado, que Shigeru Ban foi também pioneiro, na década de 1980, "da consciência ecologista e da sustentabilidade" e preocupou-se em ampliar o papel do arquiteto na sociedade, "cooperando com governos, comunidades afetadas por desastres, organismos públicos e filantrópicos", tendo sido nomeado assessor do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, em 1995.

O arquiteto japonês fundou uma organização não-governamental (ONG), a Voluntary Architect's Network, com o objetivo de transformar o conceito usado para construir espaços de acolhimento de emergência.

"Hoje, o plástico, a madeira, os tecidos, o papel e, sobretudo, o cartão são seus aliados quando projeta espaços de emergência, onde considera prioritário o máximo respeito pelos futuros habitantes e pela sua dignidade", sublinha o júri do prémio Princesa das Astúrias da Concórdia.

Os cilindros de cartão que criou para construir abrigos foram usados, por exemplo, no Ruanda, aquando do genocídio de 1994, e em Kobe, no Japão, depois do terramoto de 1995.

O sistema tem sido usado desde então, como aconteceu mais recentemente na Polónia, para criar espaços de acolhimento para refugiados da guerra na Ucrânia, após a invasão russa de 24 de fevereiro.

O arquiteto japonês recebeu em 2014 o Prémio Pritzker, o galardão máximo da arquitetura mundial.

Os Prémios Princesa das Astúrias distinguem anualmente, há mais de quarenta anos, "o trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário" de pessoas ou instituições.

O prémio da Concórdia reconhece "o trabalho de defesa e generalização dos direitos humanos, do fomento e proteção da paz, da liberdade, da solidariedade, do património cultural e, em geral, do progresso da humanidade".

Os prémios são entregues em outubro, em Oviedo, nas Astúrias (norte de Espanha), pela família real espanhola.

Este ano foram atribuídos oito prémios (artes, comunicação e humanidades, ciências sociais, desporto, letras, cooperação internacional, investigação científica e concórdia).

Entre os distinguidos estão a cantora Carmen Linares e a bailarina e coreógrafa María Pagés, ambas espanholas (artes), o jornalista polaco Adam Michnik (comunicação e humanidades), o arqueólogo mexicano Eduardo Matos Moctezuma (ciências sociais), a Fundação e Equipa Olímpica de Refugiados (desporto), o dramaturgo espanhol Juan Mayorga (letras), a ex-velejadora britânica e ativista da economia circular Ellen MacArthur (cooperação internacional), e os cientistas peritos em inteligência artificial Geoffrey Hinton, Yann LeCun, Yoshua Bengio e Demis Hassabis, de diversas nacionalidades (investigação científica).

Cada prémio integra uma réplica da escultura de Joan Miró e 50 mil euros.

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