Televisões quenianas deixam de divulgar projeções eleitorais
As televisões quenianas deixaram de divulgar as suas projeções sobre os resultados das eleições de terça-feira, o que levanta dúvidas sobre o resultado desta votação de alto risco, cuja contagem continua hoje no país.
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Mundo Resultados
A Comissão Eleitoral Independente (IEBC) deverá anunciar até dia 16 os resultados definitivos das presidenciais de terça-feira, que elegerão o sucesso de Uhuru Kenyatta, Presidente desde 2013, e de cinco outros escrutínios simultâneos, parlamentares e de representantes locais.
A contagem dos votos começou na terça-feira e continua ao nível das circunscrições, condados e ao nível nacional em Nairobi.
No dia seguinte às eleições, as televisões quenianas começaram a divulgar em direto resultados parciais, por vezes contraditórios, baseados nas suas próprias contagens.
Essas projeções pareciam confirmar o cenário de um duelo acirrado entre dois dos quatro candidatos à Presidência: Raila Odinga, que recebeu o apoio do Presidente para a eleição, e William Ruto, vice-presidente cessante.
Os resultados divergentes divulgados pelas televisões criaram ansiedade entre alguns quenianos, numa altura em que se prevê que o Quénia possa ter de ir, pela primeira vez, a uma segunda volta das presidenciais.
No entanto, os canais de televisão pararam de divulgar as suas contagens de resultados, que ocorreu quando a IEBC exortava os quenianos a terem paciência, noticia a agência France-Presse.
"Não é preciso entrar em pânico com as diferenças que vemos nos 'media'", disse o presidente da comissão eleitoral, Wafula Chebukati, sublinhando que os resultados definitivos seriam anunciados pela IEBC.
O presidente do conselho dos 'media', criado pelo Governo, disse entretanto à Associated Press que "ninguém pediu a ninguém" para parar de divulgar os resultados.
"Queremos alinhar os númenos uns com os outros (...). Penso que vamos fazer uma revisão dos números pelos pares", disse David Omwoyo.
Segundo a comissão eleitoral, a taxa de participação nas eleições de terça-feira foi de pouco mais de 65%, menos do que os 78% registados nas eleições de agosto de 2017.
Desde 2002 que todas as eleições são contestadas no Quénia, em alguns casos motivando confrontos violentos.
Em 2007-2008, a contestação dos resultados por Raila Odinga levou a confrontos intercomunitários que fizeram mais de 1.100 mortos e centenas de milhares de deslocados, os piores confrontos pós-eleitorais desde a independência do Quénia em 1963.
Este ano, a IEBC está sob uma pressão acrescida devido à anulação, pelo Supremo Tribunal, das presidenciais de 2017 por "irregularidades", uma decisão inédita em África.
A publicação de resultados parciais pretendia ser um inédito exercício de transparência por parte do IEBC.
Este ano, a generalidade dos observadores, tanto locais como estrangeiros, consideraram que a votação de terça-feira decorreu geralmente sem problemas e de forma pacífica.
Os quenianos votaram para escolher o seu Presidente para os próximos cinco anos, mas também os governadores, deputados e senadores às duas câmaras do parlamento e mais de 1.500 funcionários eleitos locais.
Para ganhar à primeira volta, um candidato tem de recolher mais de metade dos votos e pelo menos 25% nos votos em mais de metade dos 47 condados do país.
Se não houver um vencedor imediato, haverá uma segunda volta num prazo de 30 dias.
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