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Cabul viveu o caos há um ano com a saída das tropas internacionais

A capital do Afeganistão caiu para os talibãs a 15 de agosto de 2021, precipitando a saída das potências ocidentais e a fuga desordenada de milhares de pessoas que durante os últimos 20 anos com elas colaboraram.

Cabul viveu o caos há um ano com a saída das tropas internacionais
Notícias ao Minuto

08:21 - 15/08/22 por Lusa

Mundo Cronologia

Cenas caóticas centradas no aeroporto de Cabul, a última saída para quem quis fugir dos fundamentalistas islâmicos, remeteram para a queda da capital do Vietname do Sul para os comunistas do norte, em 1975, um trauma norte-americano evocado ao cabo de vinte anos de intervenção militar internacional liderada pelos Estados Unidos da América no Afeganistão.

Principais datas e acontecimentos das duas semanas que se seguiram à retoma de Cabul pelos talibãs com base em diversas fontes, incluindo as notícias das agências AFP, AP, EFE e Lusa:

16 de agosto

- Início da retirada de diplomatas, outros estrangeiros e afegãos ao seu serviço, numa operação precipitada pelos acontecimentos.

Uma maré humana corre para o aeroporto de Cabul, dando origem a cenas de total anarquia.

As forças de segurança lutam para manter a ordem, dois homens são mortos por soldados norte-americanos e os voos são suspensos por várias horas, porque as pistas ficam inoperacionais.

Aviões militares de todo o mundo começam uma corrida contra o tempo para retirar milhares de pessoas do Afeganistão, incluindo 16 cidadãos portugueses.

Centenas de afegãos são filmados a correr ao lado de um avião militar dos EUA que está a descolar e depois veem-se pelo menos dois corpos a cair na pista quando o aparelho já está no ar.

Ao longo de duas semanas, mais de 120.000 pessoas são retiradas de Cabul em centenas de voos, segundo a NATO, com a segurança do aeroporto a ser mantida por tropas dos EUA, Reino Unido, Turquia e Noruega.

18 de agosto

- Na primeira conferência de imprensa dos talibãs, o porta-voz Zabihullah Mujahid promete que o movimento não exercerá represálias contra antigos soldados e permitirá às mulheres trabalhar e estudar, "mas no quadro do Islão".

19 de agosto

- Num ato de desespero, os pais de um bebé de dois meses entregam-no a um soldado norte-americano por cima da vedação de arame do aeroporto de Cabul, numa das imagens mais dramáticas da operação da saída das forças internacionais do Afeganistão.

- Ahmad Massoud, filho do comandante Ahmed Shah Massoud, assassinado pela Al-Qaida em 2001, pede armas e munições aos EUA para que a sua milícia resista aos talibãs.

26 de agosto

- Num ataque suicida contra as multidões junto ao aeroporto de Cabul, operacionais do grupo Estado Islâmico matam dezenas de pessoas, incluindo 13 militares norte-americanos.

28 de agosto

Um ataque norte-americano mata 10 civis no leste do Afeganistão, incluindo sete crianças. O Pentágono diz inicialmente que o ataque visava os perpetradores do ataque ao aeroporto, mas mais tarde reconhece que foi um erro.

30 de agosto

- O avião com as últimas tropas dos EUA deixa Cabul às 23:59 locais (20:29 em Lisboa). "A bordo do último avião estava o general Chris Donahue. Estava acompanhado pelo embaixador Ross Wilson", segundo o general McKenzie.

- A confirmação da partida das forças dos EUA é saudada com tiros para o ar em Cabul. "Fizemos História novamente. Os 20 anos de ocupação dos Afeganistão pelos Estados Unidos e pela NATO terminaram esta noite", escreve no Twitter o líder dos talibãs, Anas Haqqani.

31 de agosto

- O Presidente Biden defende que a operação de retirada de norte-americanos e aliados foi um "sucesso extraordinário" e acabou com uma guerra que durava há 20 anos. "Nenhum país jamais alcançou algo parecido na História", afirma.

- O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, promete não esquecer os afegãos que não puderam ser retirados do país.

- Em Cabul, os talibãs afirmam que o momento é de "apreciar a vitória", mas apelam ao apoio internacional para reativar a economia do país.

O regresso ao poder dos talibãs provoca o congelamento dos 8.000 milhões de dólares (quase 7.800 milhões de euros, ao câmbio atual) do Afeganistão em ativos detidos no estrangeiro, a maioria nos EUA.

Quase de um dia para o outro, a já ténue economia entra em colapso e, ao longo dos meses seguintes, milhões de afegãos deixam de conseguir pagar os alimentos.

Leia Também: Para muitos afegãos, Cabul "ainda está a cair", um ano depois

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