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Carta assinada por 145 eurodeputados pede à Sérvia para manter Europride

Quase centena e meia de eurodeputados pediram hoje ao Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, que reverta a decisão de cancelar o Europride, evento pan-europeu LGBTQ previsto para setembro em Belgrado, e que garanta a segurança do mesmo.

Carta assinada por 145 eurodeputados pede à Sérvia para manter Europride
Notícias ao Minuto

19:03 - 31/08/22 por Lusa

Mundo LGBTQ+

O Presidente sérvio anunciou no sábado o cancelamento do evento, alegando o aumento das tensões no vizinho Kosovo e que o seu governo tinha verificado que não estavam reunidas as condições para uma "conduta segura", podendo "alguns grupos extremistas lucrar e abusar deste evento".

A carta conjunta a condenar a decisão e a pedir que seja revertida é assinada por 145 eurodeputados - incluindo seis vice-presidentes do Parlamento Europeu -, de mais de 20 estados-membros, entre os quais os portugueses Marisa Matias, Isabel Santos, José Gusmão, Manuel Pizarro, Margarida Marques e Sara Cerdas.

Os organizadores da Europride - uma semana de festividades e conferências agendadas para 12 a 18 de setembro em Belgrado com um deslife de orgulho no penúltimo dia - contestaram imediatamente esta decisão, denunciando uma "violação da Constituição" e assegurando que o evento se realizaria.

"Estamos conscientes de que há ameaças à segurança dos manifestantes, mas defendemos que a proibição total não é a solução certa", reagiram os eurodeputados na carta dirigida a Aleksandar Vucic e também a chefe de governo da Sérvia, Ana Brnabic.

Acreditando que o Presidente sérvio "cedeu à pressão de grupos de extrema-direita, religiosos ortodoxos e pró-russos", o eurodeputado Pierre Karleskind, vice-presidente do intergrupo LGBTI+ do Parlamento Europeu, denunciou "um sinal particularmente preocupante".

"Para um país candidato da UE ir contra direitos fundamentais como os da assembleia e da manifestação é simplesmente inaceitável", disse num comunicado.

"A situação das contra-manifestações anti-LGBTIQ, muitas vezes violentas, infelizmente não é nova (...). Se necessário, mais polícia deve ser destacada", insistiram os eurodeputados.

Esta é uma obrigação da Sérvia, segundo as regras do Conselho da Europa (uma organização de defesa dos direitos humanos que reúne 46 Estados), relembram os eurodeputados na carta assinada pelos presidentes dos grupos políticos Renovar (Liberais), S&D (sociais-democratas), Verdes e Esquerda Radical.

As manifestações de orgulho são instrumentos pacíficos para a advocacia política e uma forma de cristalizar o direito universal à liberdade de expressão, sublinham, além de serem "um pilar de visibilidade social e manifestações igualmente políticas durante as quais a comunidade manifesta as suas preocupações".

Belgrado luta há anos pela igualdade das pessoas LGBTIQ na região e o EuroPride em Belgrado no próximo mês de setembro seria, portanto, um marco tanto para o movimento como para a região, tornando a capital da Sérvia a primeira cidade daquela região da Europa e a primeira fora do Espaço Económico Europeu a acolher um grande evento para esta comunidade.

A delegação da UE na Sérvia tinha pedido no sábado "esclarecimentos" ao Governo sérvio, dizendo que "lamenta" o anúncio do cancelamento.

A apoiar a decisão do Presidente, milhares de fiéis ortodoxos marcharam no domingo em Belgrado contra qualquer possível manutenção do Europride, com o bispo Nikanor da Igreja Ortodoxa Sérvia a evocar perante eles uma "profanação do país, da Igreja e da família sérvia".

Leia Também: Sérvia cancela a marcha EuroPride agendada para setembro

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