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Pontificado de Bento XVI foi "essencial entre João Paulo II e Francisco"

O bispo português Carlos Azevedo, delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas, afirmou hoje que o pontificado de Bento XVI, que morreu no sábado, é "essencial entre João Paulo II e Francisco", destacando a profundidade de pensamento.

Pontificado de Bento XVI foi "essencial entre João Paulo II e Francisco"
Notícias ao Minuto

15:17 - 04/01/23 por Lusa

Mundo Bento XVI

um papado essencial entre João Paulo II e o Papa Francisco. Não seria possível a passagem do Papa Francisco a seguir a João Paulo II se não houvesse um pontificado com esta profundidade de pensamento, que abriu muitas portas para que se pudesse agora avançar", declarou à agência Lusa Carlos Azevedo.

Entre essas portas estão, por exemplo, a "ecologia integral que foi aberta já pelos textos de Bento XVI ou na fraternidade universal que apela o Papa, porque os problemas do mundo, da humanidade, do futuro, não podem ser abordados sem o diálogo com os não crentes, sem o diálogo inter-religioso, sem o diálogo com as várias confissões cristãs", disse Carlos Azevedo.

Para o bispo, "o Papa Bento XVI, com a sua racionalidade, foi capaz de abrir para estas portas que agora o Papa Francisco encontrou abertas".

O prelado considera o momento atual de "ação de graças a Deus por tal personalidade de génio e teólogo", e de "comunicação acessível do mistério de Deus para as gerações contemporâneas".

Das ocasiões em que esteve com Bento XVI, Carlos Azevedo destacou, "a capacidade de, com a sua timidez, comunicar a proximidade do transcendente, a sua simplicidade no trato próximo e a grande comunicação que fazia do amor que ele tinha a Deus e à Igreja e, sobretudo, um desprendimento de si próprio, como demonstrou na renúncia ao papado".

Por outro lado, o delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas realçou "uma clarividência e lucidez perante os problemas da Igreja com uma capacidade para ter uma visão larga das coisas, não se perder em coisas miúdas, mas olhar para a História na sua capacidade de ver ao longe e, por isso, transmitir uma grandeza de alma e uma visão lúcida sobre a realidade que estava diante dele, sobre as decisões a tomar".

O bispo, que foi organizador da viagem apostólica de Bento XVI a Portugal, em 2010, considerou que a marca dessa visita a "capacidade de falar a todos, de usar uma expressão que promovia o diálogo, que promovia a reflexão".

"Não é por acaso que a sua trilogia sobre Jesus será um clássico para o futuro. Porque ele é rigoroso na inteligência da fé e, ao mesmo tempo, amável na comunicação, porque não impõe, mas propõe", acrescentou.

O papa emérito Bento XVI, que morreu no sábado com 95 anos, abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, em 11 de fevereiro de 2013, dois meses antes de completar oito anos no cargo.

Joseph Ratzinger, que foi papa entre 2005 e 2013, nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, tornando-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.

Os abusos sexuais a menores por padres e o "Vatileaks", caso em que se revelaram documentos confidenciais do papa, foram temas que agitaram o seu pontificado.

O funeral de Bento XVI realiza-se na quinta-feira, na Praça de São Pedro, no Vaticano, às 09:30 locais (08:30 em Lisboa), numa celebração presidida pelo Papa Francisco.

Leia Também: Fiéis anteveem Papa Francisco a tornar-se emérito, tal como Bento XVI

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