Maratona de debates atrasa eleição da nova direção da Polisário
A maratona de debates que marca o Congresso da Frente Polisário empurrou, ao que tudo indica para hoje, a eleição da nova direção do movimento de libertação do Saara Ocidental, cujos trabalhos deveriam ter terminado terça-feira passada.
© Lito Lizana/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Mundo Saara Ocidental
O 16.º Congresso, cujos trabalhos começaram a 13 deste mês, tem sido marcado pelas inúmeras intervenções de muitos dos mais de 2.400 delegados dos territórios ocupados por Marrocos (que controla 80% do território), dos territórios libertados, da diáspora sarauí e de várias delegações estrangeiras da África, Europa, América Latina e Ásia.
Se a eleição da nova direção está ainda por realizar, o que deverá acontecer hoje, embora possa ser adiada por mais 24 horas, os delegados aprovaram quarta-feira por maioria emendas à Constituição da Polisário, que, a partir de agora, inclui como requisito a "experiência em combate" dos candidatos a secretário-geral do movimento que luta pela independência do Saara Ocidental desde 1975.
Aprovadas as emendas, e faltando ainda que vários delegados tomem a palavra, poderá então dar-se início ao processo de eleição do novo secretário-geral, que opõe dois velhos conhecidos do movimento.
Trata-se de Brahim Ghali, que procura um terceiro mandato (eleito pela primeira vez em 2016 e reeleito em 2019), e Bachir Mustafa, alto dirigente da Polisário e irmão de um dos fundadores da organização El-Uali Mustafa Sayed, conhecido por Luali, que morreu em combate na Mauritânia em junho de 1976 na qualidade de Presidente da então autoproclamada República Árabe Sarauí Democrática (RASD).
Segundo reporta hoje a agência noticiosa espanhola EFE, entre as emendas à Carta Magna do movimento figuram a redução de 29 para 27 os membros da diretoria (secretaria-geral) e a exclusão das organizações populares (sociedade civil) da direção da Polisário.
Hoje, os delegados devem também votar o "programa nacional" para os próximos três anos, com a estratégia focada na luta armada contra Marrocos e a atualizada Constituição da RASD.
O congresso tem como prioridade intensificar a luta contra Marrocos, que, segundo a EFE, tem obtido amplo consenso, além de avançar na diplomacia e melhorar a gestão da situação nos campos de refugiados.
"Os delegados concordam que o lema do congresso ["Intensificar a Luta Armada para Derrubar o Ocupante e Impor a Soberania"] deve ser posto em prática e que a luta armada contra a ocupação deve ser intensificada", disse o porta-voz da Polisário Mohamed Sidati.
O 16.º Congresso é o primeiro convocado desde que, em 2020, a Polisário acusou Marrocos de violar o cessar-fogo assinado em 1991, sob os auspícios da ONU, e que prevê, segundo as resoluções aprovadas por todas as partes, a realização de um referendo de autodeterminação do povo sarauí, que nunca se concretizou.
Depois de assinar a trégua, Marrocos nunca permitiu a realização do referendo e propôs, mais recentemente, atribuir uma maior autonomia à "província do Saara Ocidental", no que passou a contar com o apoio dos Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Países Baixos e Israel, o que é rejeitado pela Polisário, apoiada pela Argélia e, indiretamente, pela Rússia, razão pela qual o movimento pretende agora "intensificar a luta armada".
O último Congresso da Frente Polisário realizou-se em dezembro de 2019 em Tifariti, no noroeste do Saara Ocidental, área administrada pelo movimento de libertação.
A antiga colónia espanhola considerada é "território não autónomo" pela ONU, embora Rabat controle quase 80% de um território quase deserto de 266.000 quilómetros quadrados.
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