Mais de um milhão de franceses protesta na rua contra reforma das pensões
Um total de 1,12 milhões de pessoas protestou esta quinta-feira em França contra a reforma das pensões promovida pelo Governo que prevê, entre outras medidas, aumentar a idade de aposentação para os 64 anos, segundo o Ministério do Interior.
© REUTERS/Eric Gaillard
Mundo Protestos
Ao mesmo tempo, está também a decorrer uma jornada de greve que, embora não tenha paralisado o país, se fez notar em setores essenciais como os transportes ou os estabelecimentos de ensino.
Em Paris, onde se registou a maior concentração, reuniram-se cerca de 400.000 pessoas, segundo fontes da Confederação Geral do Trabalho (CGT), citadas pela estação BFM TV - um número que contrasta fortemente com o fornecido pelo Ministério do Interior francês: 80.000 pessoas.
De forma considerada pouco surpreendente, pela primeira vez na era [do Presidente da República] Emmanuel Macron, a mobilização contou com o apoio explícito de todos os grandes sindicatos do país.
O comando da polícia municipal da capital francesa confirmou pelo menos 30 detidos durante a marcha pela cidade, que foi marcada por alguns incidentes entre manifestantes e polícias, segundo a rádio Franceinfo, quando os primeiros atiraram objetos aos agentes, que responderam lançando granadas de gás lacrimogéneo.
Em todo o país, estavam convocadas mais de 200 concentrações, tendo saído à rua cerca de 30.000 pessoas em Toulouse; 26.000 em Marselha; e 20.000 em Perpignan, entre outras localidades. Em Lyon, as autoridades também realizaram 17 detenções.
Macron apelou hoje em Barcelona, no final de uma cimeira com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que os protestos decorressem "sem excessos nem violência", depois de reconhecer como "legítimo" o direito das pessoas a manifestar-se contra a reforma.
Caso não haja alterações, o texto chegará à mesa do Conselho de Ministros na próxima segunda-feira, 23 de janeiro.
A reforma prevê um cenário de aumento da idade legal de aposentação gradual, dos atuais 62 para 64 anos em 2030, ao passo que a revisão do período de descontos para a Segurança Social (que passará de 35 para 43 anos para se obter a pensão completa, sem penalizações) se aplicará a partir de 2027.
Macron defendeu que França está "atrasada" nesta matéria em comparação com o resto da Europa e sublinhou que a reforma é "justa e responsável", acrescentando ainda que todas as partes poderão expressar a sua opinião e tentar "enriquecer" o texto durante o processo de aprovação parlamentar, que se prevê complexa, uma vez que o atual Governo não dispõe de maioria absoluta na Assembleia Nacional.
O ex-candidato presidencial Jean-Luc Mélenchon, líder da esquerda francesa, advertiu a partir de Marselha de que Macron "não durará", porque perdeu "a batalha" de "convencer as pessoas". Na sua opinião, a reforma das pensões "não faz sentido".
O mal-estar estendeu-se também à extrema-direita: a principal adversária de Macron nas presidenciais de 2022, Marine Le Pen, tem defendido que se "combata" uma reforma que considera "injusta e brutal", como hoje escreveu na sua conta da rede social Twitter.
O dia de contestação arrancou com impacto nos transportes públicos, a circular em menor número, embora a comunicação social francesa tenha noticiado haver poucos utentes, provavelmente por terem previsto que a greve causaria dificuldades.
O principal sindicato do ensino secundário indicou uma adesão à greve de cerca de 65% dos professores, embora o Ministério da Educação tenha revisto em baixa o número para menos de 35% que não foram dar aulas. No ensino primário, o Governo estimou em mais de 42% a adesão à paralisação, segundo a Franceinfo.
A rede elétrica estatal confirmou uma redução na produção elétrica em consequência das greves hoje em curso, ao passo que nas refinarias da TotalEnergies, o nível de adesão oscilou entre os 70% e os 100%, segundo a CGT.
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