Aliança da oposição turca designa candidato para enfrentar Erdogan
A aliança de seis partidos da oposição turca designou hoje Kemal Kiliçdaroglu, líder da sua principal formação, para enfrentar nas presidenciais de 14 de maio o chefe de Estado Recep Tayyip Erdogan, no poder desde 2003.
© Reuters
Mundo Presidenciais
"Kemal Kiliçdaroglu é o nosso candidato às presidenciais,", declarou Temel Karamollaoglu, líder do Partido da Felicidade (Saadet), perante uma multidão concentrada frente à sede da sua formação em Ancara, onde hoje se reuniram os dirigentes dos seis partidos.
Este anúncio segue-se ao recuo do partido iYi, que hoje regressou à aliança onde se incluem outras cinco formações, e após ter decidido na passada sexta-feira abandonar a coligação opositora por discordar no nome do candidato proposto.
A presidente do iYi (O Bom Partido, nacionalista), a ex-ministra do Interior Meral Aksener, recuou na sua decisão após várias horas de reuniões com responsáveis do grupo opositor.
Aksener, uma carismática líder de centro-direita, entrou em rutura na passada sexta-feira, ao anunciar num discurso transmitido pela televisão que se opunha à designação de Kemal Kiliçdaroglu, chefe do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata e nacionalista) como candidato consensual para enfrentar Erdogan nas legislativas e presidenciais agendadas para maio.
O CHP, com 134 deputados na Grande Assembleia Nacional (parlamento, com 600 lugares), é a principal força da designada Mesa de Seis, que também inclui o iYi, atualmente o quinto partido do hemiciclo, o islamita Saadet, apenas com um deputado, o liberal Partido Democrata, com dois, e ainda o Democracia e Progresso (DEVA) e o partido Futuro, ambos cisões do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, islamita), no poder desde 2003 e liderado por Erdogan.
Na sexta-feira, Aksener considerou que a candidatura de Kiliçdaroglu, 74 anos, um antigo alto funcionário proveniente da minoria religiosa Alevi, revelava "ambições pessoais" e "contrariava o interesse da nação".
Em alternativa, propôs como alternativa para uma candidatura comum os nomes de Mansur Yavas ou Ekrem Imamoglu, respetivamente os presidentes das câmaras municipais de Ancara e Istambul e ambos membros do CHP.
No entanto, estes dois autarcas manifestaram de seguida o seu apoio a Kiliçdaroglu, e hoje reuniram-se com Aksener, que de seguida se encontrou com o veterano candidato proposto pelos restantes partidos da Mesa de Seis.
Um porta-voz do iYi disse aos 'media' turcos que a formação iria propor que Yavas e Imamoglu sejam designados vice-presidentes em caso de vitória de Kiliçdaroglu nas eleições presidenciais.
O CHP ainda não se pronunciou sobre a proposta, mas o regresso de Askener às reuniões com o grupo opositor foi entendido como o regresso a um compromisso para garantir a continuidade da frente comum.
Askener alegou que as sondagens atribuem a Yavas e a Imamoglu maiores possibilidades de derrotarem Erdogan, apesar de Kiliçdaroglu manter uma imagem de coerência, mas com pouco carisma.
A decisão solitária na líder nacionalista, e que não registou o apoio dos dois nomes que apontou em alternativa, foi recebida com numerosas críticas pelo facto de ter motivado fraturas na imagem de unidade da oposição.
Em paralelo, o Presidente turco anunciou hoje que na próxima sexta-feira vai promovar as primeiras medidas formais para dissolver o parlamento e convocar as eleições presidenciais e legislativas para 14 de maio.
Segundo Erdogan, é importante cumprir sem demora o calendário eleitoral para evitar que a atenção das pessoas atingidas pelo terramoto de 06 de fevereiro seja influenciada pelos debates eleitorais, indicou a agência noticiosa Efe.
Nos últimos meses, a intenção de voto para o Presidente e o seu partido tem recuado nas sondagens, e os debates sobre a suposta ineficácia do Estado na resposta aos sismos acentuou de forma ligeira essa tendência.
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