Cruz Vermelha retoma retirada de civis do Nagorno-Karabakh para a Arménia
A retirada de civis por equipas médicas da região separatista do Nagorno-Karabakh em direção à Arménia foi hoje retomada, alguns dias após o encerramento pelo Azerbaijão do único eixo que liga os dois territórios, informou a Cruz Vermelha.
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"A retirada de doentes do Karabakh pela Cruz Vermelha em direção aos hospitais da Arménia foi retomada" hoje, declarou à agência noticiosa AFP Zara Amatuni, porta-voz do ramo arménio da Cruz Vermelha, acrescentando que "11 doentes em estado grave foram transportados através do corredor de Lachin".
Previamente, milhares de pessoas manifestaram-se em Stepanakert, a principal cidade de Nagorno-Karabakh, para exigir ao Azerbaijão a reabertura da única estrada de acesso daquele enclave à Arménia.
Segundo um correspondente da AFP, cerca de seis mil manifestantes reuniram-se na praça principal da cidade gritando palavras de ordem como "Não ao Bloqueio" e "Abram a estrada da vida" em referência ao corredor de Lachin.
O protesto concentrou-se depois junto à sede da Cruz Vermelha e do quartel-general das forças de paz russas destacadas na região.
Os organizadores do protesto prometem novas concentrações até à reabertura do corredor.
Segundo os moradores de Stepanakert entrevistados pela AFP esta semana, a escassez de alimentos e os graves problemas de acesso aos serviços médicos fazem-se sentir cada vez mais nesta região montanhosa de 120 mil habitantes.
O Nagorno-Karabakh é uma região com uma população predominantemente arménia, mas reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão.
Nas últimas quatro décadas, tem sido palco de um conflito territorial entre os dois países, que conduziu a duas guerras.
A mais recente, em 2020, assistiu à derrota das forças arménias e a importantes ganhos territoriais para o Azerbaijão, que recuperou o controlo de parte da região.
Desde essa altura, as ligações entre o Nagorno-Karabakh e a Arménia só são possíveis através de uma estrada: o corredor de Lachin.
O Azerbaijão fechou o acesso na passada terça-feira, alegando a prática de contrabando pela secção arménia da Cruz Vermelha, numa altura em que Erevan teme uma grave crise humanitária no Nagorno-Karabakh devido às condições de acesso cada vez mais difíceis.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão, Jeyhoun Baeramov, garantiu que os residentes do Nagorno-Karabakh podiam usar "o posto de controlo fronteiriço para fins médicos com o apoio da Cruz Vermelha Internacional".
Durante uma reunião com o chefe da delegação da Cruz Vermelha no Azerbaijão, Baeramov disse que Baku se tinha oferecido para ajudar a garantir "o abastecimento dos residentes arménios" na região.
O primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, anunciou na quinta-feira que vai participar em negociações com o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, em Bruxelas, no sábado, sob a égide da União Europeia, criticando o que chama bloqueio ilegal do Nagorno-Karabakh.
Em 2020, Moscovo patrocinou o acordo de cessar-fogo no final de uma guerra de seis semanas em que forças arménias foram derrotadas e obrigadas a ceder território que controlavam há décadas.
A Rússia tinha-se comprometido a enviar soldados para garantir a liberdade de circulação entre a Arménia e o Nagorno-Karabakh, mas Erevan acusa Moscovo de não ter cumprido o que tinha ficado estabelecido.
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