Tribunal aumenta pena para alemã do Daesh por crimes contra a humanidade
A justiça alemã aumentou hoje para 14 anos a pena de prisão imposta a uma alemã do Estado Islâmico condenada há dois anos por crimes contra a humanidade após o assassínio no Iraque de uma menina da minoria yazidi.
© Getty Images
Mundo Estado Islâmico
Em 25 de outubro de 2021, Jennifer Wenisch, então com 30 anos, foi condenada a 10 anos de prisão depois de ser considerada culpada, incluindo por "crime contra a humanidade com resultado em morte" e de pertencer a uma organização terrorista, num dos primeiros julgamentos no mundo para julgar um crime de guerra contra os yazidis, uma minoria étnico-religiosa de língua curda perseguida pelos terroristas islâmicos.
Mas o Ministério Público de Munique solicitou uma revisão do julgamento, por considerar a pena aplicada insuficiente e contrária às leis alemãs.
A contestação do Ministério Público incidiu em particular na pena de prisão de nove anos imposta a Jennifer Wenisch por ter deixado uma menina yazidi reduzida à escravatura no Iraque e a morrer de sede.
Os juízes concordaram e uma câmara do tribunal distrital de Munique reabriu então o julgamento e endureceu a pena para 13 anos, disse uma porta-voz judicial, em declarações à agência AFP.
O veredicto relativo à adesão a uma organização terrorista permaneceu inalterado, ou seja, um ano de prisão.
Oriunda de Lohne, na Baixa Saxónia (noroeste da Alemanha), Jennifer Wenisch foi para o Iraque em 2014 para se juntar aos "seus irmãos", numa referência aos extremistas do Estado Islâmico, como explicou durante o seu julgamento.
No verão de 2015, ela e o seu então marido, o iraquiano Taha Al-Jumailly, compraram como escravos, entre um grupo de prisioneiros, uma menina de 05 anos e a sua mãe da minoria yazidi.
Testemunha-chave dos julgamentos de Munique e Frankfurt, a mãe sobrevivente, que agora vive escondida na Alemanha, relatou os abusos sofridos.
A menina foi "castigada" pelo marido de Jennifer Wenisch por urinar num colchão, depois amarrada, em temperaturas próximas dos 50°C, junto a uma janela do lado de fora da casa.
A menina morreu de sede enquanto a mãe foi obrigada a permanecer ao serviço do casal.
Em novembro de 2021, Taha Al-Jumailly foi condenado à prisão perpétua por um tribunal de Frankfurt (oeste) por genocídio, crime contra a humanidade resultando em morte, crimes de guerra e cumplicidade em crimes de guerra.
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