Nobel da Física. Investigação permite melhorar "computadores do futuro"
A professora do Instituto Superior Técnico (IST) Marta Fajardo considera que a investigação hoje galardoada com o prémio Nobel da Física irá permitir melhorar os computadores do futuro.
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Mundo Nobel
A professora do Instituto Superior Técnico (IST) Marta Fajardo considera que a investigação hoje galardoada com o prémio Nobel da Física irá permitir melhorar os computadores do futuro.
Os trabalhos de Pierre Agostini, Ferenc Kraus e Anne L'Huillier, hoje premiados, permitiram observar eletrões nos átomos na mais pequena fração de segundo e "registar as fontes de luz mais breves que se conseguem produzir, acho que até no universo, mas claramente à escala da terra", afirmou à Lusa Marta Fajardo.
A fração de tempo 'attosegundo' é de tal modo breve que permite estudar as transições eletrónicas, como se fosse uma câmara lenta, explicou a investigadora.
"Este trabalho permite identificar fenómenos de luz a uma escala muito pequena de tempo e já tem aplicação prática na investigação atual", disse Marta Fajardo, adiantando que no futuro o estudo destes 'flashes' de luz permitirá aplicações em várias tecnologias, como será o caso de computação, porque "abre as portas a todos os processos mais rápidos do que aquilo que conseguíamos ver antes".
Até agora, "só se conseguia ver o antes ou o depois" dos fenómenos eletrónicos e não o "durante", explicou Marta Fajardo.
"Para o consumidor final talvez haja aplicações na optoeletrónica, ou seja, nos computadores do futuro ou nos transístores do futuro, que funcionem com luz também e não só com transições eletrónicas", disse, salientando que, caso seja possível controlar o processo, permitirá uma velocidade de computação muito mais elevada, eventualmente com menor dissipação de energia.
O trabalho dos três físicos já era conhecido há muito entre os cientistas. "Já esperávamos que o Prémio Nobel fosse para eles há algum tempo, quem era da comunidade sabia que o que eles tinham feito, era de facto muito disruptivo e, portanto, estávamos à espera para ver quando é que ia sair o Prémio Nobel para [Anne] L'Huillier, pelo menos", porque "foi quem observou em laboratório pela primeira vez" esse 'flash' de luz à escala de 'attosegundos'.
Os investigadores foram premiados por terem criado "impulsos de luz extremamente curtos que podem ser utilizados para medir os processos rápidos durante os quais os eletrões se movem ou mudam de energia", afirmou o júri.
Os progressos realizados pelos três físicos "permitiram explorar processos tão rápidos que anteriormente eram impossíveis de seguir", acrescentou.
"Um 'attosegundo' é tão curto que há tantos num segundo como há segundos desde o nascimento do universo", referiu a Real Academia Sueca durante o anúncio do Nobel da Física.
Na opinião do júri, as experiências destes três físicos "deram à humanidade novas ferramentas para explorar o mundo dos eletrões no interior dos átomos e das moléculas".
Anne L'Huillier, que ensina na Universidade de Lund, na Suécia, é a quinta mulher a ganhar o Prémio Nobel da Física desde 1901.
A cientista, citada pela agência France-Presse, disse que tinha recebido o telefonema do júri enquanto estava a dar uma palestra.
"Estou muito emocionada, não há muitas mulheres que tenham ganho o prémio, por isso é muito, muito especial", referiu.
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