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Condições dos refugiados do terramoto em Marrocos agravam-se com chuvas

As condições nos centros que alojam refugiados do terramoto no Alto Atlas marroquino há quase dois meses foram agravadas por uma tempestade, juntamente com a falta de eletricidade e assistência.

Condições dos refugiados do terramoto em Marrocos agravam-se com chuvas
Notícias ao Minuto

21:53 - 26/10/23 por Lusa

Mundo Marrocos

"Não há luz, não há casas de banho, não há tendas de proteção contra a chuva. Nestes dias em que choveu, entrou água nas tendas e as autoridades não estavam lá", afirmou hoje Ahmed, um refugiado na cidade de Amizmiz, situada no sul de Marraquexe.

"Tudo o que pedimos é que venham ver o que precisamos", acrescentou.

Milhares de refugiados vivem em Amizmiz, em tendas fornecidas pelo governo marroquino que foram danificadas pela tempestade de areia e pelas chuvas fortes que atingiram Marrocos no domingo, com rajadas de vento de até 110 quilómetros por hora.

Esta tempestade pode ser um sinal do que poderá acontecer no inverno quando as temperaturas descerem abaixo de zero e a neve isolar as aldeias de montanha para lá de Amizmiz, onde estão centenas de refugiados.

Junto a algumas tendas de Amizmiz, Ahmed, na casa dos 60 anos, queixa-se de que a ajuda direta de 2500 dirhams (cerca de 230 euros) por mês e por família aprovada pelo governo marroquino não chegou a muito dos afetados.

Esta é a primeira vaga de ajuda anunciada por Marrocos, após o terramoto que causou cerca de 3.000 mortos e 5.500 feridos. Uma segunda ajuda, com a finalidade de reconstruir as cerca de 56.000 casas afetadas, deverá ser distribuída a partir do início de novembro.

"As pessoas aqui estão a sofrer as maiores dificuldades. Há idosos e crianças doentes. Há pessoas com doenças crónicas. Há diabéticos que não têm seringas para injetar insulina, sendo que a mesma estraga-se com o tempo", disse Ahmed.

"Queremos que o governo ajude esta região negligenciada", acrescentou.

Perante esta situação, os refugiados protestaram na terça-feira nas ruas de Amizmiz, e pretendem fazê-lo novamente.

Os refugiados estão agrupados no Comité de Coordenação das Vítimas do Terramoto de Amizmiz, que apela à instalação generalizada de eletricidade, casas de banho, pontos de água e caixotes do lixo nos campos, a substituição das tendas utilizadas como escolas por salas de aula móveis, a instalação de um hospital de campanha e mais segurança para evitar roubos.

"Se a chuva continuar, se não houver intervenção nas casas danificadas e na substituição das tendas que não são adequadas à chuva, ao vento e à neve, então vai haver uma catástrofe", disse uma autoridade local da província de Marraquexe.

Fátima, outra refugiada de Amizmiz também se queixa das dificuldades e condições que estão a passar.

"Queremos voltar para as nossas casas. O frio está a chegar, a chuva também e ainda há a questão dos roubos. Temos que estar atentos o dia todo. Não há sítio para trabalhar e se deixarmos as nossas tendas, quando voltarmos não encontramos nada", disse Fátima.

Mounir, outro habitantem diz que a ajuda não chegou "nem a 50%" das famílias e pede que as casas afetadas sejam demolidas ou protegidas para que não caiam sobre as pessoas.

Rachid Belaardi, conselheiro em Amizmiz explicou que os manifestantes estão a pedir revisão do sistema de distribuição de ajuda, uma vez que muitos não a receberam por ser atribuída por lar, sem ter em conta que em algumas casas vivem mais do que uma família e que nem todas têm o mesmo número de membros.

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