Pelo menos 20 mortos em ataque de separatistas anglófonos nos Camarões
Cerca de 20 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram hoje mortas num novo ataque a uma aldeia por separatistas anglófonos no oeste dos Camarões, onde rebeldes e o exército governamental se confrontam há sete anos, anunciou o governo.
© Reuters
Mundo Camarões
"Mais de 20 homens, mulheres e crianças foram mortos, o que é inaceitável", disse Victor Arrey-Nkongho, ministro responsável pelo Gabinete do Presidente da República, à rádio estatal Mengot, precisando que o ataque ocorreu durante a noite na aldeia de Egbekaw (região sudoeste).
Desde o final de 2016, grupos armados pró-independência combatem as forças de segurança, acusadas de crimes contra civis por organizações não-governamentais (ONG) internacionais e pela ONU, nas regiões noroeste e sudoeste, habitadas principalmente pela minoria anglófona deste país centro-africano de língua francesa.
O ataque foi confirmado por Viang Mekala, governador da região de Manyu, onde se situa Egbekaw, também declarações à mesma emissora estatal, que referiu que a meio da noite, "os terroristas" atacaram "utilizando armas de fogo e armas tradicionais, deixando cerca de vinte pessoas mortas e sete gravemente feridas, e cerca de dez casas incendiadas".
Os meios de comunicação social estatais atribuíram o ataque aos rebeldes separatistas, sistematicamente designados como "terroristas" pelas autoridades.
Um habitante da aldeia atacada, em declarações sob anonimato à AFP, considerou que o ataque poderá estar com o aniversário da subida ao poder do Presidente Paul Biya, que se assinala hoje.
"Estava previsto para os arredores um encontro da União Democrática do Povo Camaronês (RDPC, na sigla em francês) (Rassemblement Démocratique du Peuple Camerounais, o partido de Biya.
Os Camarões, com uma população de quase 30 milhões de habitantes, são governados com mão de ferro há 41 anos pelo Presidente Paul Biya, que tem 90 anos.
Os rebeldes, que se autodenominam "Ambazonianos" (de "Ambazonie" da qual proclamaram unilateralmente a independência em 2017), atacam frequentemente civis que acusam de "colaborar" com Yaoundé.
As forças de segurança são também regularmente acusadas por ONG internacionais e pela ONU de excessos, assassínios e torturas a civis suspeitos de simpatizarem com os rebeldes.
Em 04 de outubro, dois aldeões foram executados publicamente no mercado da aldeia de Guzang, no noroeste, por um grupo que os acusava de fornecerem informações ao exército.
Os rebeldes também raptam civis que podem ou não ser acusados de "colaborar", na maioria dos casos pagando resgates.
No início de julho, a Amnistia Internacional voltou a denunciar as "atrocidades" sofridas por civis, enumerando "execuções extrajudiciais", "assassínios", incluindo de mulheres e crianças, "tortura" e "violação", perpetrados tanto pelos rebeldes como pelas forças de segurança.
O conflito eclodiu no final de 2016, depois de Paul Biya ter reprimido violentamente as manifestações pacíficas dos anglófonos das duas regiões, que se sentiam ostracizados e marginalizados pelo governo central desta antiga colónia francesa.
Segundo o Grupo de Crise Internacional (ICG), o conflito já causou mais de 6.000 mortos e obrigou mais de um milhão de pessoas a fugir das suas casas.
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