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HRW pede ao Governo da RDCongo para atuar contra violência étnica

A Human Rights Watch pede ao Governo da República Democrática do Congo medidas contra a violência étnica, na sequência do linchamento, em novembro, de um soldado tutsi confundido com um rebelde do M23, segundo um comunicado divulgado hoje.

HRW pede ao Governo da RDCongo para atuar contra violência étnica
Notícias ao Minuto

11:07 - 04/12/23 por Lusa

Mundo Human Rights Watch

O assassínio do tenente Patrick Gisore Kabongo, no dia 09 de novembro, em Goma, no Kivu do Norte (leste da República Democrática do Congo (RDCongo), é "um caso claro de ódio étnico", declara a organização de defesa dos direitos humanos.

O soldado, "um munyamulenge, tutsi congolês da província de Kivu do Sul", de 42 anos, foi atacado e morto por um grupo de pessoas, que "o acusaram de ser um combatente do M23 devido à sua aparência física", explica a Human Rights Watch no texto hoje divulgado.

O M23 ("Movimento 23 de março") é um grupo rebelde predominantemente tutsi apoiado pelo Ruanda, de acordo com várias fontes, criado em 2012 e 'adormecido' deste o ano seguinte, que voltou a pegar em armas há dois anos, tendo desde então conquistado vastas extensões de território no Kivu do Norte.

"Muitas pessoas na RDCongo consideram a comunidade tutsi como apoiante do M23", afirma a ONG, que sublinha ter documentado ataques anteriores contra tutsis ou pessoas "consideradas tutsis ou ruandesas".

A HRW acrescenta que também recebeu "informações credíveis" de que as autoridades tinham "detido arbitrariamente dezenas" de tutsis, acusando-os de colaborarem com o M23.

A organização recorda ainda que, no passado dia 11 de novembro, o exército disse que "lamentava a morte de um dos seus soldados" e anunciou que "dois suspeitos" tinham sido detidos.

O porta-voz do Governo congolês confirmou que o soldado tinha sido morto devido às suas "características faciais" e acrescentou que o Presidente Félix Tshisekedi tinha "condenado firmemente esse ato desprezível".

Segundo a HRW, "uma fonte judicial e um líder comunitário tutsi afirmaram que um soldado do exército e quatro civis tinham sido presos".

"No entanto, decorridas três semanas, a investigação está parada e ninguém foi acusado ou processado", lamenta a organização.

"A condenação pública, por si só, não será suficiente para evitar crimes de ódio no futuro", afirma Thomas Fessy, investigador sénior da ONG dedicado à RDCongo, citado no comunicado.

O Governo deve "assegurar que os autores da violência étnica são responsabilizados", libertar os tutsis detidos apenas com base na sua etnia e "desenvolver medidas eficazes" e "sérias" para travar a violência étnica, afirma a Human Rights Watch.

A ONG recorda que as eleições no país, que faz fronteira com Angola, estão previstas para 20 de dezembro. "As autoridades devem garantir que toda a gente possa votar sem medo", conclui.

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