Envolvido denuncia fragilidades no Catargate com gravação de polícia
Francesco Giorgi, envolvido no esquema de subornos no Parlamento Europeu Qatargate, pediu a admissão como prova de uma gravação em que um comandante da polícia questiona o poder judicial belga e acusa outro dos investigados de mentir.
© KENZO TRIBOUILLARD/AFP via Getty Images
Mundo Qatargate
Numa gravação publicada esta segunda-feira pelo jornal belga Le Soir, o inspetor-chefe do Gabinete Central de Combate à Corrupção, Ceferino Álvarez Rodríguez, afirma saber que o líder da conspiração com a qual a polícia belga chegou a um acordo de cooperação está a mentir-lhes.
De acordo com a agência EFE, os advogados de ex-assessor parlamentar do eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, Francesco Giorgi, pediram ao juiz do caso que admitisse como prova a gravação, apontando fragilidades no processo.
A conversa, gravada sem o conhecimento ou autorização do inspetor, ocorreu em maio de 2023, quando Álvarez Rodríguez foi à casa de Giorgi para devolver um computador portátil que tinha sido confiscado dias antes, no âmbito da investigação.
Giorgi, que gravou a conversa em vídeo com a imagem a preto, com o telemóvel guardado no bolso, reclamou ao agente que a apreensão do seu computador violou o seu direito de defesa, já que o aparelho continha notas preparadas com o seu advogado para a argumentação judicial.
Após alguns minutos de conversa, o inspetor diz-lhe que tem certeza de que o cabecilha da conspiração, Pier Antonio Panzeri, mentiu às autoridades belgas ao concordar em colaborar na investigação judicial, assumindo-se como "arrependido", em troca de uma pena de prisão reduzida.
"Não acreditamos em nada do que ele nos diz. Sabemos que ele nos engana, sabemos disso, mas tudo vai explodir", diz Álvarez Rodríguez na gravação publicada pelo Le Soir.
Tanto este jornal francófono como o portal Euronews tiveram também acesso a outra parte da gravação em que o agente da polícia garante a Giorgi que "não confia no sistema judicial" porque, diz, este é "controlado por políticos".
Há mais de um ano que a Procuradoria Federal belga investiga tentativas do Catar e de Marrocos de influenciar as atividades do Parlamento Europeu, em troca de alegadas compensações financeiras aos eurodeputados.
O esquema envolve Panzeri e Giorgi, mas também a ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, o lobista Nicolo Figa-Talamanca, o eurodeputado belga Marc Tarabella e o eurodeputado italiano Andrea Cozzolino, entre outros.
Panzeri, Giorgi e Kaili foram presos, na Bélgica, em 9 de dezembro de 2022, e acusados de alegados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Os investigadores encontraram centenas de milhares de euros em dinheiro na casa de Kaili e uma mala com a qual o seu pai tentava fugir de um hotel na capital belga.
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