Condenação de opositor do presidente egípcio é ato de retaliação, diz HRW
A organização Human Rights Watch (HRW) considerou hoje a condenação de um destacado ativista político egípcio como um ato de retaliação à decisão de desafiar o Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, nas eleições presidenciais de dezembro passado.
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Mundo Human Rights Watch
Na terça-feira, um tribunal do Cairo condenou o antigo candidato presidencial Ahmed al-Tantawy, bem como 22 dos seus colaboradores mais próximos, incluindo o diretor de campanha, a um ano de prisão por terem divulgado panfletos de apoio não autorizados à sua candidatura.
O tribunal também proibiu Ahmed al-Tantawy de participar em eleições nacionais durante os próximos cinco anos.
"As autoridades não estão apenas a punir a dissidência pacífica. Ao impedir Ahmed al-Tantawy de concorrer em futuras eleições, as autoridades estão a enviar uma mensagem clara de que nenhum desafio sério a Abdel Fattah al-Sisi será tolerado", refere, num comunicado, a organização não-governamental (ONG) de defesa e promoção dos direitos humanos.
A HRW, com sede em Nova Iorque, instou as autoridades egípcias a retirar imediatamente todas as acusações.
Ahmed al-Tantawy, que ainda se encontra em liberdade, deverá ainda depositar 20.000 libras egípcias (cerca de 600 euros, ao câmbio atual), valor fixado como caução pelo tribunal para suspender a sentença enquanto é interposto recurso.
Mais de 120 membros da campanha presidencial do ativista político foram detidos desde o ano passado, de acordo com uma ONG local.
Na página na rede social Facebook de Ahmed al-Tantawy, o seu advogado considerou o julgamento "fundamentalmente incorreto" e acusou o tribunal de ignorar todos os pedidos da defesa.
"Nada está certo neste julgamento, além dos nomes dos arguidos", escreveu Nabeh Elganadi.
Em 2023, Ahmed al-Tantawy, visto como o candidato mais viável da oposição egípcia, abandonou a corrida presidencial depois de não ter conseguido reunir o número de assinaturas de eleitores necessário para constar no boletim de voto.
Na altura, o ativista acusou as agências de segurança do Estado de assediarem o seu pessoal e os seus apoiantes para o impedirem de atingir o limiar de votos para a candidatura.
Abdel Fattah al-Sisi foi reeleito por uma esmagadora maioria, 88,6% dos votos, para um terceiro mandato.
A vitória de al-Sisi foi considerada um dado adquirido, uma vez que os seus três adversários eram figuras políticas marginais que raramente foram vistas durante a campanha eleitoral.
"Ao continuar a perseguição de Ahmed al-Tantawy por desafiar al-Sisi, as autoridades egípcias confirmaram que o processo eleitoral foi uma farsa, que garante um Governo de um homem só e aniquila o direito dos egípcios a uma participação política genuína", disse Amr Magdy, porta-voz da HRW, no mesmo comunicado.
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