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Filha de especialista morto no Titan diz que expedições devem continuar

Antes da implosão catastrófica do Titan, Sidonie não fazia ideia de que as expedições do pai poderiam ter riscos, uma vez que estava habituada à situação.

Filha de especialista morto no Titan diz que expedições devem continuar
Notícias ao Minuto

17:21 - 11/03/24 por Notícias ao Minuto

Mundo Titan

A filha do explorador e especialista no Titanic Paul Henri-Nargeolet, que morreu a bordo do submersível Titan em junho do ano passado, considerou que, apesar da sua perda, as expedições aos destroços do navio devem continuar. Contudo, a mulher admitiu estar frustrada com a falta de ética da OceanGate que, oito meses depois da implosão catastrófica que também tirou a vida ao empresário e explorador Hamish Harding, ao empresário paquistanês Shahzada Dawood e ao filho, Suleman Dawood, e ao CEO da empresa, Stockton Rush, ainda não contactou a sua família para apresentar as suas condolências.

“A minha frustração deve-se principalmente ao facto de ninguém da OceanGate nos ter contactado para apresentar as suas condolências pela nossa perda, o que me deixa zangada. Pelo menos acho que poderiam ter-nos contactado”, confessou Sidonie Nargeolet, em declarações à agência Pen News, citada pelo Mirror.

A mulher de 40 anos defendeu, contudo, que as expedições aos destroços do Titanic devem continuar, apelando a que não se confunda um submersível “bom” com um submersível “mau”.

“Acho que é bom que as pessoas viagem no submersível e é bom ter artefactos do Titanic, mas sem brincar com a segurança e com a vida das pessoas”, atirou.

Antes da implosão catastrófica do Titan, Sidonie não fazia ideia de que as expedições do pai poderiam ter riscos, uma vez que estava habituada à situação.

“Nunca me questionei se o submersível seria bom ou não. Ele disse-me que o Titan era um novo tipo de submersível, mas não me disse que estava preocupado. Eu não sabia nada sobre este submersível, não sabia como era feito. Agora, pelo que ouvi, parece que muitas pessoas disseram que era um mau submersível. Porque é que permitiram que mergulhasse?”, perguntou.

Os primeiros sinais de que algo na expedição do Titan poderia estar a correr mal surgiram quando a esposa de Paul-Henri, Anne Sarraz-Bournet, a informou que o submersível não tinha regressado no período estipulado. Ainda que, inicialmente, tenha entrado em pânico, Sidonie disse que, com o tempo, equacionou que a missão subaquática poderia apenas ter perdido contacto.

“Não sei se realmente tinha esperança ou se era por ser o meu pai e não querer pensar que estava morto”, confessou.

De qualquer modo, a mulher deixou de ter esperança quando a Guarda Costeira dos Estados Unidos informou as famílias que o Titan tinha desaparecido.

“Tivemos quatro dias para nos prepararmos, mas é difícil aceitar. Ouvimos dizer que [estavam mortos], mas é muito difícil entender, porque não vemos nenhum corpo. É como se ele se tivesse ido embora. Não temos nada a que dizer adeus”, complementou.

De facto, a operação contrarrelógio teve um fim trágico com a localização de escombros na área dos destroços do Titanic, que correspondiam à parte exterior do submersível.

Cerca de uma semana depois do anúncio da morte dos tripulantes, as autoridades canadianas recolheram os destroços do Titan no porto de St. John’s, numa operação que contou também com o apoio da Guarda Costeira dos Estados Unidos. Mais tarde, foi anunciado terem sido encontrados possíveis "restos mortais".

De notar que James Cameron, o diretor do filme 'Titanic' que desenhou submarinos capazes de atingir uma profundidade três vezes superior à do Titan, equacionou que os críticos de Stockton Rush estavam corretos ao denunciar que um casco de fibra de carbono e titânio permitiria a entrada microscópica de água, levando a uma falha progressiva do veículo ao longo do tempo. Contudo, o CEO da OceanGate acreditava que a fibra de carbono teria uma relação força-flutuabilidade melhor do que o titânio.

Sublinhe-se ainda que, em 2018, um funcionário da OceanGate foi demitido por ter alertado para preocupações com o controlo de qualidade do Titan, tendo sido acusado pela empresa de quebra de contrato, fraude e apropriação indevida de segredos comerciais. O homem recusou as acusações e processou a entidade, num processo que foi resolvido fora do tribunal.

Já em 2021, a OceanGate assegurou que o submersível "foi construído e projetado em consulta com engenheiros e fabricantes especializados", além de incluir "vários sistemas de segurança".

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