Conflitos na Colômbia causaram mais de 400 violações humanitárias
Os oito conflitos armados em curso na Colômbia afetaram milhares de pessoas ao longo de 2023, deixando um saldo de 444 alegadas violações do direito humanitário, segundo um relatório do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) hoje divulgado.
© Christopher Furlong/Getty Images
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As principais consequências humanitárias destes conflitos são o desaparecimento e a deslocação de pessoas, a violência sexual, o confinamento forçado e as consequências dos engenhos explosivos espalhados por todo o país.
O CICV destacou igualmente a associação de crianças e adolescentes a grupos armados.
Quanto à deslocação de pessoas, o CICV indicou que mais de 195 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, especialmente nas regiões de Valle Nariño (mais de 43.500), Valle del Cauca (cerca de 28.200) e Cauca (mais de 17.100).
Por outro lado, cerca de 47 mil pessoas foram afetadas por confinamentos comunitários devido à escalada das hostilidades ou à presença de dispositivos explosivos.
Isto representa um aumento de 19% em todo o país em 2023, em comparação com os dados do ano anterior.
As minas e explosivos espalhados por todo o território colombiano atingiram diretamente 380 pessoas, a maioria das quais civis.
Embora nesta secção tenha havido uma diminuição de 22% em comparação com o ano anterior, o CICV destaca que isso não significa uma redução do território afetado.
Ao longo de 2023, o CICV documentou 222 desaparecimentos de pessoas relacionados com conflitos armados e violência no país, embora a organização realce mais uma vez que este número "não contabiliza o total de desaparecimentos que poderão ter ocorrido naquele período".
O chefe da delegação do CICV na Colômbia, Lorenzo Caraffi, apelou ao Governo colombiano e aos principais grupos armados do país para que coloquem "as preocupações humanitárias no centro dos diálogos de paz" e alcancem acordos.
"Nas negociações podem ser adotados acordos especiais que contribuam para aliviar o sofrimento da população afetada pelos conflitos armados, reforçando as obrigações que as partes no conflito têm ao abrigo do direito internacional humanitário", acrescentou.
Neste sentido, Caraffi sublinhou a necessidade de que os possíveis acordos alcançados correspondam a medidas concretas e positivas construídas ao abrigo das disposições do direito internacional humanitário, cujo objetivo é proteger os civis dos conflitos armados.
O CICV defendeu ainda a necessidade de estar presente nas áreas mais afetadas pelos conflitos armados e pela violência na Colômbia para "compreender a dura realidade" vivida pela população.
Em 2023, a organização prestou ajuda humanitária a quase 150 mil pessoas na Colômbia.
O relatório identifica oito conflitos armados de caráter não internacional em curso no país, três dos quais entre o Estado colombiano e o Exército de Libertação Nacional (ELN), entre as Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC) e entre as antigas FARC-EP que atualmente não respeitam o Acordo de Paz.
Os outros cinco conflitos, prosseguem, dizem respeito a disputas entre grupos armados não estatais.
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