Michel critica "farsa da justiça" após condenação de Gershkovich
O presidente do Conselho Europeu cessante, Charles Michel, denunciou hoje a "farsa da justiça" na Rússia, no dia em que foi condenado o jornalista norte-americano Evan Gershkovich a 16 anos de prisão por espionagem.
© Reuters
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"O medo que o Kremlin [presidência russa] tem da verdade e da liberdade é um sinal de fraqueza. Apelamos à libertação imediata de Evan Gershkovich", afirmou Michel numa mensagem na rede social X (antigo Twitter), que rematou com a 'hashtag' "Liberdade Evan Gershkovich".
A justiça russa condenou hoje a 16 anos de prisão o jornalista norte-americano Evan Gershkovich, acusado de espionagem por alegadamente ter acedido a informação secreta sobre a indústria militar do país.
Nascido nos Estados Unidos e filho de imigrantes da antiga União Soviética, o jornalista de 32 anos do The Wall Street Journal, detido em março de 2023 em Ecaterimburgo, a capital dos Urais, é o primeiro jornalista ocidental detido e condenado sob a acusação de espionagem na Rússia pós-soviética.
Michel descreveu a sentença como um "ataque direto à liberdade de imprensa".
A recém-reeleita presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, também tinha criticado na rede social X a condenação de Gershkovich, que definiu como "a antítese da justiça", fruto de "um julgamento de farsa e politicamente motivado".
"O jornalismo não é um crime. Evan deve ser libertado imediatamente", acrescentou.
Também usando a rede social X, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, indicou que a União Europeia (UE) "condena veementemente" a sentença e acusou a Rússia de usar o "seu sistema jurídico politizado para punir o jornalismo".
Durante a audiência, que teve lugar no tribunal regional de Sverdlovsk, a acusação pediu 18 anos de prisão de segurança máxima.
O processo judicial foi invulgarmente rápido, consistindo em apenas três audiências, duas das quais esta semana, o que a imprensa associou diretamente ao interesse de Washington em encurtar o prazo para uma futura troca do jornalista condenado por um prisioneiro russo.
As audiências de quinta-feira e de hoje, antecipadas a pedido da defesa, deveriam ter sido realizadas em meados de agosto.
Gershkovich, detido há 477 dias, não admitiu a sua culpa e afirmou, tal como o seu jornal, que estava apenas a cumprir o seu dever profissional quando foi detido.
O jornalista de 32 anos recebeu a mesma pena que Paul Whelan, um antigo fuzileiro naval norte-americano também condenado na Rússia por espionagem em junho de 2020.
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