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Clínicas em Gaza continuam abertas apesar de "dificuldades incríveis"

Nações Unidas, 26 ago 2024 (Lusa) - A Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinianos (UNRWA) esclareceu hoje que as suas clínicas em Gaza continuam a funcionar com "dificuldades incríveis", apesar de a própria ONU ter relatado a paralisação de operações após ordens de evacuação israelitas.

Clínicas em Gaza continuam abertas apesar de "dificuldades incríveis"
Notícias ao Minuto

19:54 - 26/08/24 por Lusa

Mundo Gaza

"As últimas 24 horas foram incrivelmente difíceis, especialmente para alguns dos nossos colegas internacionais, mas as nossas clínicas estão abertas e continuam a funcionar", disse o diretor de planeamento da UNRWA, Sam Rose, numa videoconferência de imprensa a partir de Gaza.

 

"Só posso falar em nome da UNRWA, mas estimaria que 15.000 pessoas receberam hoje serviços de saúde prestados pelo nosso pessoal na Faixa de Gaza", acrescentou.

Cerca de uma hora antes, um alto funcionário das Nações Unidas havia relatado que as operações das suas agências em Gaza estavam paralisadas após a última ordem israelita para abandonar as suas instalações em Deir Al-Balah, o último local para onde tiveram de se mudar após as sucessivas ordens de evacuação anteriores.

Esse responsável, que pediu anonimato, explicou então em Nova Iorque que esta paralisação "não significa uma suspensão" das atividades da ONU, uma vez que espera que possam ser retomadas o mais rapidamente possível.

Nesse sentido, Rose destacou que "a UNRWA opera de forma diferente" de outras agências da ONU, prestando serviços diretamente com pessoal nacional palestiniano, e que, "embora seja mais difícil trabalhar", permanecem operacionais.

No entanto, sublinhou que necessitam de um "esforço" para que "a situação no terreno melhore" e possam continuar a prestar os seus serviços de saúde "através dos oito centros de cuidados primários e noventa pontos de saúde em escolas-abrigo".

A aparente contradição entre a informação do alto funcionário da ONU e a fornecida por Rose deve-se, segundo o Secretariado Geral das Nações Unidas, ao facto de os estabelecimentos da UNRWA no enclave serem capazes de servir os habitantes de Gaza apesar de o seu pessoal não ter conseguido deixar as instalações para acudir a população no terreno.

No 'briefing' à imprensa, Rose foi acompanhado por Louise Wateridge, porta-voz da UNRWA em Gaza, que disse que a situação no enclave palestino "piorou muito nos últimos dois meses", com as famílias a enfrentar "condições ainda mais extremas".

"As pessoas estão a usar areia e a construir muros com ela para evitar que a água do mar entre nos seus abrigos (...). Há escorpiões, mosquitos, ratos e cobras entre a população que sofre estas condições", disse Wateridge. 

Israel ordenou no domingo a evacuação de parte do norte da "zona humanitária" de Gaza, perto da cidade de Deir Al-Balah, pelo que a área reservada para quase dois milhões de deslocados é agora inferior a 9,5% de todo o território do enclave palestiniano.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

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