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Vítimas de abusos sexuais na Oceânia pedem indemnização ao Papa

Os sobreviventes de abusos sexuais perpetrados no seio da Igreja Católica na Oceânia pediram hoje numa carta aberta ao Papa Francisco, que chegou hoje a Díli, Timor-Leste, uma compensação pelo "sofrimento" causado por estes crimes.

Vítimas de abusos sexuais na Oceânia pedem indemnização ao Papa
Notícias ao Minuto

08:24 - 09/09/24 por Lusa

Mundo Igreja

"Além das desculpas públicas da sua parte e da parte de alguns bispos de todo o mundo, ainda não houve reparação para as vítimas, nem sequer desculpas pessoais", lê-se na carta enviada hoje pela Rede de Sobreviventes de Abuso Sacerdotal (SNAP), na Nova Zelândia.

 

"Eles e as suas famílias continuam a sofrer", afirmam na carta, na qual pedem ao Papa Francisco que ordene às suas dioceses e ao Vaticano que compensem as vítimas e as suas famílias para tornar "a sua Igreja mais justa e as suas palavras mais credíveis do que o simples pedido de desculpas".

O SNAP recordou na carta que a Igreja Católica permitiu durante décadas que muitos pedófilos fossem transferidos da Nova Zelândia, Austrália e Grã-Bretanha para países pobres e vulneráveis da região.

Em países como Timor-Leste, Papua Nova Guiné, Fiji, Kiribati e Samoa, estes padres, irmãos e missionários "continuaram a abusar de crianças indefesas e inocentes", como foi demonstrado em documentos judiciais, investigações estatais e queixas jornalísticas, segundo o SNAP.

O abuso sexual dentro da Igreja Católica não foi amplamente documentado na Oceânia, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, onde foram realizadas extensas investigações e os seus governos ou instituições religiosas ordenaram ou estão em processo de indemnização de milhares de vítimas.

A investigação oficial sobre os abusos sexuais nas instituições australianas, juntamente com as denúncias jornalísticas, menciona ou documenta as transferências de padres pedófilos para locais remotos na Papua Nova Guiné e nas Ilhas Salomão, embora não haja uma contagem oficial destes crimes.

Além disso, a Conferência dos Bispos da Papua Nova Guiné e das Ilhas Salomão tem trabalhado desde a década de 1990 na implementação de políticas para abordar o abuso sexual dentro da Igreja Católica, mas ainda não existem números oficiais nem as vítimas foram indemnizadas.

Em Timor-Leste, a visita do Papa está a ser ensombrada pelo escândalo em torno do bispo e co-laureado do Prémio Nobel da Paz de 1996, Carlos Felipe Ximenes Belo, que perpetrou alegados abusos sexuais contra menores há quatro décadas.

O Papa Francisco, que se encontra em viagem por vários países da Ásia e da Oceânia entre 02 e 13 de setembro, por diversas vezes pediu desculpa às vítimas ou reconheceu o encobrimento destes crimes por parte da Igreja.

Leia Também: Papa Francisco aterra em Díli para visita de três dias

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