Economia apontada como prioridade para líder eleito de Macau
A recuperação económica será a prioridade para Sam Hou Fai, disse à Lusa um membro da comissão eleitoral que hoje escolheu o ex-magistrado como novo líder do governo de Macau, numa "votação histórica", acrescentou outro membro.
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Economia Macau
Leonel Alves antecipou que, depois da crise económica causada pela pandemia da covid-19, o desenvolvimento económico será "o ponto mais forte".
"O tecido empresarial de Macau tem vindo a sofrer transversalmente, apesar da pujança em termos de finanças públicas", lamentou o também membro do Conselho Executivo do território.
Entre janeiro e agosto, as contas públicas de Macau tiveram um excedente de 11,4 mil milhões de patacas (1,28 mil milhões de euros), algo que pela primeira vez em três anos não exigiu transferências da reserva financeira.
No entanto, na primeira metade de 2024, a economia da região especial chinesa ainda só representou 86,2% do produto interno bruto (PIB) registado no mesmo período de 2019, antes do início da pandemia.
"As coisas vão mudar, espero que para melhor, e já não é sem tempo. Já estamos a metade dos 50 anos", lembrou o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, António Freitas.
O princípio 'um país, dois sistemas', aplicado à transferência da administração de Macau, de Portugal para a China, em 1999, prevê ao longo de 50 anos um determinado grau de autonomia para a região chinesa.
Sam Hou Fai recebeu o apoio de 394 dos 400 membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE).
"Foi uma votação histórica", disse António José de Freitas, lembrando que nenhum candidato tinha conseguido tantos votos.
"Isto aponta a que pelo menos os membros da comissão eleitoral apreciaram a pessoa dela, a campanha dele, o que ele disse e não disse", referiu o macaense.
Dos 400 membros da CECE, eleitos em agosto por associações e organizações locais, pelo menos 18 são portugueses ou macaenses, uma comunidade euro-asiática, composta sobretudo por lusodescendentes, com raízes no território.
Leonel Alves, também macaense, não ficou surpreendido com o apoio conseguido por Sam Hou Fai.
"Pela campanha que foi realizada, pelo empenho dado durante estas últimas semanas, creio que a população em geral aceitou e compreendeu a mensagem política", disse o membro do Conselho Executivo de Macau.
"Espero que, com esta votação tão massiva, ele ganhe ainda um ânimo maior para cumprir a sua missão e para cumprir as promessas que ele fez durante a campanha", referiu António José de Freitas.
O também presidente da televisão pública TDM do território disse que o sucesso de Sam Hou Fai vai depender em muito dos secretários que escolher. "É um trabalho de equipa, governar não pode ser sozinho", acrescentou.
Leonel Alves apontou como prioridade para Sam Hou Fai a reforma do ordenamento jurídico de Macau, uma vez que "os últimos grandes códigos foram aprovados antes do estabelecimento da RAEM".
Como advogado, Leonel Alves disse acreditar que o mandato do ex-presidente do Tribunal de Última Instância "pode vir a ser muito rico em termos de reforma legislativa fundamental para Macau".
Nascido em 1962 na vizinha província de Guangdong, Sam Hou Fai completou a licenciatura em Direito pela Universidade de Pequim, tendo frequentado posteriormente os cursos de Direito e de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Coimbra.
Leonel Alves disse que ter o primeiro chefe do Executivo a falar português poderá fazer a diferença numa "maior aproximação" entre Macau e os países lusófonos, com "um conteúdo mais forte, mais substantivo".
"O diálogo será muito mais próximo, poderá ser até menos formal e muitos benefícios podem advir desta situação", defendeu o delegado local à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.
Leonel Alves afirmou que é a vontade de Pequim que Macau se abra mais aos países de língua portuguesa, num relacionamento "que não é só económico e também pode ser cultural, educativo e desportivo".
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