"Abrandar esforço dos russos". EUA explicam envio de minas antipessoais
A decisão dos Estados Unidos de fornecer minas antipessoais à Ucrânia reflete uma mudança táticas no campo de batalha por parte da Rússia, com Moscovo a favorecer cada vez mais a infantaria, destacou hoje o secretário da Defesa norte-americano.
© Omar Havana/Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
"As suas forças mecanizadas já não estão na liderança. Estão a avançar a pé de uma forma que se estão a aproximar e a fazer coisas para abrir caminho às forças mecanizadas", frisou Lloyd Austin, em declarações aos jornalistas durante uma visita a Laos, país há muito devastado por este tipo de armamento.
Os ucranianos "precisam de coisas que possam ajudar a abrandar este esforço por parte dos russos", acrescentou, à medida que o avanço das tropas russas acelera no leste da Ucrânia.
Esta decisão ocorre poucos dias depois de Washington ter dado 'luz verde' à Ucrânia para atacar o território russo com mísseis de longo alcance fabricados nos EUA, uma linha vermelha para Moscovo.
A mudança de política surge também perante preocupações sobre o apoio contínuo dos EUA à Ucrânia assim que o presidente eleito, Donald Trump, tomar posse em janeiro.
O magnata republicano garantiu que consegue pôr fim à guerra provocada pela invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, em "24 horas".
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky também defendeu hoje que as minas terrestres antipessoais fornecidas por Washington são "muito importantes" para travar o avanço do exército russo no leste do país.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos tinha anunciado na terça-feira a doação à Ucrânia de pelo menos 275 milhões de dólares (260 milhões de euros) em novas armas.
Várias ONG criticaram a decisão dos Estados Unidos, qualificando-a de "injustificável" e sublinhando as consequências destas armas proibidas internacionalmente para os civis, a longo prazo, apesar de se destinarem a travar o avanço russo em território ucraniano.
Enterradas ou escondidas no solo, as minas antipessoais explodem quando alguém se aproxima ou entra em contacto com elas, causando frequentemente mutilações ou mesmo a morte.
Cerca de 164 Estados e territórios, incluindo a Ucrânia, assinaram a Convenção de Otava de 1997 sobre a proibição e eliminação das minas antipessoais, mas nem a Rússia nem os Estados Unidos ratificaram a convenção.
Segundo Austin, as minas fornecidas pelos Estados Unidos serão "não persistentes", ou seja, equipadas com um dispositivo de autodestruição ou autodesativação, o que teoricamente limitaria os riscos para os civis.
Também o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, explicou que se trata de minas "muito diferentes" das que foram instaladas pela Rússia, "num total de cerca de dois milhões, que continuarão a ser uma ameaça durante décadas".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
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