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Mulher transgénero recebe indemnização recorde na China por eletrochoques

O tribunal do condado de Changli, na província de Hebei, aprovou a indemnização no valor de 60 mil yuanes (cerca de 7.800 euros), a Ling'er uma artista performativa de 28 anos.

Mulher transgénero recebe indemnização recorde na China por eletrochoques
Notícias ao Minuto

14:01 - 21/11/24 por Notícias ao Minuto

Mundo China

Uma mulher transgénero recebeu a maior indemnização de sempre de um hospital, na China, após ter sido submetida a várias sessões de práticas de conversão por eletrochoque sem o seu consentimento.

 

Segundo o The Guardian, o tribunal do condado de Changli, na província de Hebei, aprovou a indemnização no valor de 60 mil yuanes (cerca de 7.800 euros), a Ling'er uma artista performativa de 28 anos, que foi internada no hospital em julho de 2022.

Um ano antes de ser internada, Ling'er assumiu-se como transgénero aos pais, que se "opunham muito" à sua identidade de género. "Achavam que eu não era mentalmente estável. Por isso, mandaram-me para um hospital psiquiátrico", lamentou.

A artista foi então diagnosticada com "perturbação de ansiedade e orientação sexual discordante" e ficou internada durante 97 dias, período em que foi submetida a sete sessões de eletrochoques para "corresponder às expectativas da sociedade".

"Causou sérios danos ao meu corpo", disse. "Sempre que era submetida ao tratamento, desmaiava... Não concordei, mas não tive escolha".

Na China, explica o The Guardian, não é permitido sujeitar à força uma pessoa a tratamentos psiquiátricos, exceto se constituírem uma ameaça para a sua segurança ou para a dos outros. No entanto, o médico de Ling'er afirmou, em agosto, que a mulher poderia representar um risco para a segurança dos seus pais se estes colocassem termo à própria devido à sua identidade de género.

Agora, Ling'er espera que o seu caso - que é o primeiro de uma pessoa transgénero a ganhar uma ação judicial contra a utilização de práticas de conversão por eletrochoque na China - possa ajudar outros membros da comunidade LGBTQ+.

"Na China, a situação das pessoas transgénero não é muito otimista", afirmou. "Há uma falta de proteção para este grupo".

Ao The Guardian, um dos poucos médicos chineses a trabalhar na área dos cuidados de saúde dos transexuais, que pediu para permanecer anónimo, disse que parte do problema era a falta de sensibilização da profissão. 

"Não sabem como tratá-los. Pensam que a utilização destes métodos [como os eletrochoques] pode ajudar, mas na realidade estão enganados. Fazem esta escolha devido à sua falta de conhecimento", lamentou.

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