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Analistas defendem que influência de Musk fragiliza democracia americana

A influência do multimilionário Elon Musk na próxima presidência norte-americana fragiliza a democracia e representa uma aproximação ao tipo de oligarquia que domina a Rússia, disseram à Lusa analistas políticos.

Analistas defendem que influência de Musk fragiliza democracia americana
Notícias ao Minuto

23/11/24 11:15 ‧ Há 2 Horas por Lusa

Mundo Estados Unidos

Elon Musk, o homem mais rico do mundo, foi nomeado pelo presidente eleito Donald Trump para coliderar um novo programa, D.O.G.E., que irá fazer recomendações de cortes nos gastos públicos. 

 

As empresas do magnata têm contratos muito substanciais com o governo federal e recebem subsídios, o que tem levantado questões devido à proximidade e influência de Musk na nova administração. 

"Temos realmente aqui um oligarca, que conseguiu instalar-se numa posição de poder na administração sem ter um cargo direto, portanto, sem ter de fazer desinvestmento e sem mecanismos de transparência", disse à Lusa a cientista política Daniela Melo.

A professora da Universidade de Boston aponta para os conflitos de interesse, uma vez que as empresas de Musk competem por contratos atribuídos pelo governo, e para o interesse do empresário no fim das investigações que o Departamento de Justiça está a fazer à Tesla e Starlink. 

"É um conluio total entre poder corporativo e os seus interesses e o governo americano", disse a analista, apontando para o perigo desta "relação inédita" numa democracia que já está abalada. Se Musk conseguir fazer o que promete e o que Trump aparentemente está a oferecer, será difícil perceber onde começam os interesses e onde termina o Estado, considerou, não havendo muitos mecanismos para o prevenir. 

"É bastante óbvio que a democracia americana está enfraquecida. Como é que as instituições irão reagir a tudo isto vai depender do Congresso, da sua capacidade de usar o poder que tem como equilíbrio".

Daniela Melo lembra que Elon Musk foi convidado para a primeira reunião de Trump com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. "Isto é inédito. É um cidadão privado mas que controla um sistema que é absolutamente vital para a capacidade bélica da Ucrânia, o Starlink", afirmou.

"O conflito é óbvio e a pressão também. Só podemos tentar adivinhar que tipo de pressão é que Donald Trump, ao trazer Elon Musk, quis fazer sobre os ucranianos", frisou à Lusa. 

Também o cientista político Thomas Holyoke, da Universidade Estadual da Califórnia em Fresno, apontou para a pressão que Musk está a exercer antes mesmo da entrada da nova administração. "Ele tem estado a fazer lóbi muito publicamente para conseguir que certas pessoas sejam contratadas", frisou. 

Para o analista, essa pressão pode acabar por ser uma fragilidade, devido às personalidades dos dois homens. 

"Quase parece que Elon Musk quer ser ele a conduzir o carro, em vez de Donald Trump", afirmou o professor. "Só há uma pessoa no comando e Elon pode não querer ser colocado numa posição mais diminuída. Ele pode querer muito mais do que isso", sugeriu. "Pergunto-me se vem aí um embate". 

Trump poderia ter nomeado Musk para um cargo de poder oficial, mas isso teria obrigado o magnata a desinvestir das suas empresas, por causa das regras que as agências federais têm para prevenir conflitos de interesse. 

Foi por isso, considera Daniela Melo, que Trump criou o D.O.G.E. -- acrónimo do departamento de eficiência governativa que é também o diminutivo de uma moeda digital, Dogecoin, promovida entusiasticamente por Musk.

"É um poder tremendo", afirmou. "Vamos ver aqui alguns braços de ferro, imagino, mas acho que não estamos a exagerar a capacidade que Elon Musk terá de influenciar o governo americano". 

Leia Também: A Starlink de Elon Musk vai poder operar em mais um país

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