Peru diz que não reconhecerá Maduro como presidente eleito da Venezuela
O Peru não reconhecerá Nicolás Maduro como chefe de Estado "democraticamente eleito" da Venezuela se este voltar a assumir a Presidência em 10 de janeiro, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros peruano, Elmer Schialer.
© ALEXANDER NEMENOV/Reuters
Mundo Venezuela
"Gostaria que em 10 de janeiro o senhor Maduro entregasse o poder ao verdadeiro vencedor das eleições gerais de 28 de julho" na Venezuela, disse Schialer numa entrevista à agência de notícias EFE.
Schialer referia-se a Edmundo González Urrutia, candidato da oposição venezuelana que alega ter vencido o sufrágio, acusando o Governo venezuelano de fraude eleitoral.
"Eles (González Urrutia e a opositora Corina Machado) ganharam estas eleições", disse o ministro peruano.
"Até agora", acrescentou, "estamos a trabalhar intensamente com os países amigos" para que Edmundo González, que hoje reside em Madrid, "assuma" a Presidência venezuelana.
Se tal não acontecer, o atual Presidente venezuelano, Nicolás Maduro - que as organizações eleitorais do seu país consideram o vencedor das eleições de 28 de julho - colocar-se-ia "fora da legalidade do seu próprio país, da sua própria Constituição", acrescentou o ministro peruano.
O Peru então "não o poderá reconhecer, se ainda estiver no poder, como um Presidente democraticamente eleito", afirmou Schialer na entrevista à EFE em Madrid, durante a sua breve visita a Espanha.
"Não aceitamos os resultados apresentados pelas autoridades eleitorais, mas também dizemos não a novas eleições (...). O povo venezuelano já falou, o que temos de fazer agora é respeitar o mandato dado pelo povo", acrescentou.
A solução para a crise na Venezuela depende em grande parte das ações da comunidade internacional, na opinião do ministro peruano.
Segundo o responsável pela diplomacia peruana, entre os seus vizinhos da região, "existem diferentes atitudes em relação ao regime venezuelano".
O ministro peruano destacou o papel importante que países como Espanha, Estados Unidos, China, Rússia e Irão desempenham neste caso.
"É uma situação muito complexa em que nos encontramos e todos os países, tanto os médios como os pequenos e acima de tudo os grandes e mais poderosos da comunidade internacional, devem tomar medidas sobre esta situação, porque a Venezuela merece", disse Schialer.
Embora o chanceler peruano afirme que Maduro "nunca cumpriu e continua a violar" os seus compromissos e que Lima não o pode reconhecer como vencedor das eleições, o Governo da Presidente peruana, Dina Boluarte, mudou os seus critérios relativamente ao reconhecimento de Edmundo González.
O antigo chanceler peruano Javier González-Olaechea foi o primeiro a reconhecer o opositor venezuelano como "Presidente eleito" em julho passado, o que precipitou a decisão de Caracas de romper relações com Lima.
No entanto, o Governo Boluarte "não avançou nesse sentido porque do ponto de vista jurídico peruano não é correto", dado que, segundo Schialer, este reconhecimento tem de ser dado pelas autoridades venezuelanas.
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