Israel considera "delirante" o discurso triunfante de líder do Hezbollah
O porta-voz do exército israelita em língua árabe, Avichay Adraee, considerou "delirante" o discurso televisivo proferido hoje pelo líder do Hezbollah, Naim Qassem, ao surgir pela primeira vez em público após o acordo de tréguas com Israel.
© Nasser Ishtayeh/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Mundo Médio Oriente
"E de onde pode surgir uma única conquista que reflita os seus delírios, especialmente quando os fantasmas dos seus antepassados estão diante dele, anunciando a bandeira da derrota, o revés histórico sofrido?", disse o porta-voz israelita na rede social X.
Ao mencionar a palavra "antepassados", Avichay Adraee referia-se à eliminação, por Israel, do antecessor de Qassem e líder histórico do Hezbollah durante 30 anos, Hassan Nasralah, que morreu num bombardeamento em Beirute a 27 de setembro, mas também à morte nesta guerra de quase toda a cadeia de comando do grupo xiita libanês pró-iraniano, incluindo mais de uma dúzia de altos funcionários.
Em outra mensagem, também publicada na rede social X, Avichay Adraee rejeitou o facto de Qassem ter repetido hoje que não queria a guerra, acrescentando que tais "'slogans' fracos e pretensas vitórias" escondem apenas um resultado, "a derrota" do movimento.
Qassem afirmou hoje que a milícia Hezbollah alcançou uma "vitória divina" sobre Israel, apesar de o movimento armado "não querer a guerra" com Israel, cujos bombardeamentos e incursões no terreno fizeram em um ano cerca de 4.000 mortos no Líbano.
O líder do grupo xiita apoiado pelo Irão afirmou também que a invasão terrestre lançada por Israel a 01 de outubro tinha como objetivo "a aniquilação do Hezbollah", meta essa que na sua opinião foi um "fracasso".
As declarações de Naim Qassem surgem dois dias após o início de um cessar-fogo no Líbano.
A trégua de 60 dias entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah, mediada pelos Estados Unidos e pela França, entrou em vigor na quarta-feira.
O acordo prevê que os militantes do Hezbollah se retirem para norte do rio Litani e as forças israelitas regressem ao seu lado da fronteira.
A chamada zona tampão será patrulhada por tropas libanesas e por forças de manutenção da paz da ONU.
As autoridades israelitas afirmaram que as forças serão retiradas gradualmente à medida que se assegura que o acordo está a ser cumprido.
O Hezbollah iniciou ataques contra o norte de Israel a partir do sul do Líbano em apoio ao Hamas, um dia depois de um ataque do grupo extremista palestiniano (ocorrido a 07 de outubro de 2023) ter desencadeado uma ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
Depois de quase um ano de trocas de tiros com o Hezbollah na fronteira com o Líbano, o exército israelita lançou uma intensa campanha de bombardeamentos e uma ofensiva terrestre no sul do território libanês.
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