A decisão violaria o "mandato de bem-estar infantil do Gabinete de Reinstalação de Refugiados e a obrigação há muito estabelecida deste país para com estas crianças", frisou Wyden numa carta a Angie Salazar, diretora interina do gabinete do Departamento de Saúde e Serviços Humanos responsável pelas crianças migrantes que chegam sozinhas aos EUA.
"As crianças não acompanhadas estão entre as crianças mais vulneráveis confiadas aos cuidados do governo", destacou o senador democrata, apelando ao fim dos planos de deportação.
"Em muitos casos, estas crianças e as suas famílias tiveram de fazer a escolha impensável de enfrentar o perigo e a separação em busca de segurança", acrescentou.
Citando denunciantes não identificados, a carta de Wyden, inicialmente noticiada pela estação CNN, afirmava que as crianças que não tenham um dos pais ou responsável legal como patrocinador ou que não tenham um pedido de asilo em curso "serão retiradas à força do país".
"Esta medida ameaça separar as crianças das suas famílias, advogados e sistemas de apoio, empurrá-las de volta para as mesmas condições das quais procuram refúgio e fazer com que as crianças vulneráveis desapareçam para além do alcance da lei e da supervisão americanas", pode ler-se na carta de Wyden, que denuncia mais um passo nos amplos esforços de fiscalização da imigração da administração de Donald Trump.
Devido à sua idade e ao trauma que as crianças imigrantes não acompanhadas frequentemente experienciam quando chegam aos EUA, o seu tratamento é uma das questões mais sensíveis na imigração.
Os grupos de defesa já apresentaram ações judiciais para solicitar que os tribunais suspendam os novos procedimentos de verificação de crianças não acompanhadas da administração Trump, alegando que as mudanças estão a manter as famílias separadas durante mais tempo e são desumanas.
Em julho, o chefe do serviço de imigração da Guatemala afirmou que o governo procurava repatriar 341 menores não acompanhados que estavam detidos em instalações norte-americanas.
"A ideia é trazê-los de volta antes de completarem 18 anos para que não sejam levados para um centro de detenção para adultos", explicou na altura o diretor do Instituto de Imigração da Guatemala, Danilo Rivera, acrescentando que o regresso seria suportado pela Guatemala e seria uma forma de regresso voluntário.
O plano foi anunciado pelo Presidente Bernardo Arévalo, que afirmou na altura que o governo tinha a obrigação moral e legal de defender as crianças.
As declarações foram feitas dias após a visita da secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, à Guatemala.
A ideia de repatriar um número tão grande de crianças para o seu país de origem levantou preocupações entre os ativistas que trabalham com crianças que passam pelo processo de imigração.
"Estamos indignados com o novo ataque da administração Trump aos direitos das crianças imigrantes", sublinhou Lindsay Toczylowski, presidente e CEO do Immigrant Defenders Law Center.
"Não nos deixamos enganar pela sua tentativa de mascarar estes esforços como meros 'repatriamentos'. Esta é mais uma tentativa calculada de cortar o pouco processo legal que resta no sistema de imigração", alertou.
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