Argélia acusa Le Monde de prejuízo "gratuito" da imagem do Presidente
A Argélia acusou o diário francês Le Monde de "gratuitamente" prejudicar a imagem do Presidente, Abdelaziz Bouteflika, enquanto o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, em visita ao país, tentava solucionar o incidente que ameaçava ofuscar acordos comerciais importantes.
© Reuters
Mundo Papéis do Panamá
A França e a Argélia assinaram vários acordos económicos durante a visita de dois dias de Valls a Argel, durante a qual se reuniu com o chefe de Estado argelino para debater o combate ao extremismo e o caos reinante na vizinha Líbia.
Mas a viagem do chefe do executivo francês foi ensombrada por um diferendo relacionado com a cobertura do Le Monde do escândalo "Documentos do Panamá" ("Panama Papers"), resultante de uma fuga de informação de milhões de registos financeiros de uma empresa de advogados panamiana sobre entidades que criaram empresas 'offshore' para não pagarem impostos sobre rendimentos avultados.
O destaque dado pelo Le Monde ao escândalo levou as autoridades argelinas a recusar vistos a dois jornalistas franceses -- um do Le Monde e o outro do programa "Le Petit Journal", do Canal+ - que se deslocariam à Argélia para acompanhar a visita do primeiro-ministro francês, o que levou outros órgãos de comunicação social franceses a boicotar também a viagem, em protesto.
O Le Monde publicou na terça-feira uma imagem de página inteira de Bouteflika antes de esclarecer -- mais tarde -- que o seu nome não consta dos chamados "Documentos do Panamá", que trouxeram ao conhecimento público atividades financeiras de figuras ricas e poderosas de todo o mundo.
Em resposta, Argel chamou o embaixador francês para se queixar do que classificou como "uma campanha hostil".
O homólogo de Manuel Valls, Abdelmalek Sellal, declarou hoje que o Le Monde tinha "gratuitamente minado o prestígio e a honra" de Bouteflika.
Não ficou imediatamente claro porque é que as autoridades argelinas recusaram também o visto ao programa "Le Petit Journal", mas o programa satírico tem frequentemente falado da saúde de Bouteflika, de 78 anos.
Valls falou com Sellal no início da semana, para tentar que a proibição de entrada dos jornalistas franceses na Argélia fosse levantada, mas sem êxito, indicou uma fonte próxima do chefe do executivo francês.
No domingo, Manuel Valls tentou pôr fim à polémica, afirmando que a Argélia e França precisam de "olhar para o futuro".
"Queremos expressar a nossa profunda discordância e quanto lamentamos esta decisão... que pretende castigar os 'media'", disse Valls depois de se encontrar com Sellal.
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