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ONG alerta para risco de pôr fim à emergência do zika no Brasil

A Organização Não Governamental Human Rights Watch (HRW) advertiu hoje que não se deve declarar vitória sobre o vírus zika, apesar de as autoridades de saúde brasileiras terem levantado na quinta-feira o estado de emergência declarado em 2015 pela epidemia.

ONG alerta para risco de pôr fim à emergência do zika no Brasil
Notícias ao Minuto

23:45 - 12/05/17 por Lusa

Mundo Human Rights Watch

O anúncio feito quinta-feira pelo Governo brasileiro surge 18 meses depois de ter declarado o estado de emergência nacional devido à propagação dos casos de contágio pelo vírus zika e pela sua relação, através da infeção de mulheres grávidas, no aumento do número de microcefalias em bebés e outras complicações nos recém-nascidos, recordou a HRW, num artigo assinado por Margaret Wurth.

Este ano, o número de casos de zika e o número de bebés que nasceram com problemas de desenvolvimento do crânio e do cérebro relacionadas com o vírus caiu consideravelmente, sem que haja certezas sobre o motivo exato dessa descida, pois houve um conjunto de fatores a contribuir, como a população ter desenvolvido imunidade, o tempo ter sido mais seco ou o Governo e as autoridades estaduais terem adotado medidas de erradicação, apontou.

Mas a ameaça do zika ainda não acabou e há condições que permitem o desenvolvimento de um surto que continuam por resolver no Brasil, alertou.

O mosquito que é portador do zika e de outros vírus continua a estar presente no Brasil e é responsável por contágios de dengue, por exemplo, que se verificaram nos últimos anos e continuam a ser um risco.

Para perceber como tudo se pode complicar, basta apontar os casos de febre amarela, que se propagam através do mesmo mosquito, e que já matou pelo menos 240 pessoas desde dezembro.

Os problemas recorrentes com a água e as infraestruturas de saneamento básico deixam as comunidades vulneráveis ao vírius zika e outras doenças propagadas por mosquitos, mas as autoridades brasileiras não investiram o suficiente nessa área, deixando muitas comunidades em risco.

A seca no nordeste do país tem feito com que muitas comunidades, que deixam de ter acesso a água corrente, armazenem esse bem básico em reservatórios e criem, inadvertidamente, condições propícias ao desenvolvimento do mosquito.

Também não devem ser esquecidos os milhares de crianças com problemas relacionados com o vírus zika, assim como os seus cuidadores, que vão ter de ter de acompanhá-los constantemente ao longo das suas vidas, com gastos elevados em tratamentos e dificuldades para conciliar esse apoio com os seus trabalhos profissionais.

Há também o perigo de, por causa do anúncio do fim do estado de emergência, as autoridades brasileiras e a comunidade internacional abrandem a vigilância e esqueçam o problema sem resolver muitas das questões estruturais que causaram a propagação do vírus.

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