Polícia que viu Younes: "Guiava aos zigue-zagues à procura de quiosques"
Um agente da Guárdia Urbana que estava nas Ramblas no dia do atentado descreve cenário de terror. Fala em imagens macabras mas também de solidariedade e coragem.
© Pablito Tergal/Twitter
Mundo Barcelona
Sergi Lledó estava de serviço no passado dia 17 de agosto precisamente no epicentro do ataque terrorista, nas Ramblas. Nesse dia estava destacado para a estação de metro da La Rambla, por causa dos carteiristas, mas o destacamento não é estático e os agentes vão-se alternando entre estações, entrando e saindo periodicamente do subsolo para a rua, segundo explicou ao El País.
Às 16h50, Lledó estava junto à entrada do metro, na rua. Um turista estava a pedir informações quando ouve um golpe seco vindo do passeio pedonal. O agente soube de imediato do que se tratava e indicou via rádio aos colegas: “Atentado terrorista. Desimpeçam a área”.
“A carrinha ia a tanta velocidade a entrar na Rambla que as rodas se levantavam. Dentro do veículo só ia o condutor, com as janelas abertas e a gritar”, indicou. “Gritava como um louco” enquanto atropelava dezenas de pessoas pela ruas abaixo.
O agente e três colegas que estavam perto de si começaram de imediato a correr atrás do veículo. “Íamos a gritar para as pessoas se afastarem. Soubemos desde o primeiro momento que era um ataque terrorista”, afirmou.
Sergi recorda pormenores aterradores: “Andava aos zigue-zagues à procura das paragens e dos quiosques onde estava gente distraída e sem capacidade de reagir. Queria causar o maior estrago possível”.
A carrinha ia tão rápido e o terror que ficava para trás era tanto que a dada altura pararam. “Paramos em seco, sem dizer nada e olhamos para trás. O panorama que o terrorista deixou era desolador”, lamentou. “Fizemos a nossa lista de prioridades mentalmente, separando os feridos graves dos menos graves”.
Diz que as imagens que guarda são macabras mesmo tentado lembrar-se apenas das mostras de solidariedade. Fala de cidadãos a fazer manobras de reanimação, de vida salvas no último minuto e “de muito sangue pelo meio”.
Sublinhado que tinha sacado da arma poucas vezes em dois anos, naquela tarde estava toda a ensanguentada por estar sempre nas suas mãos. “Nenhum dos meus colegas duvidou um segundo em pôr a própria vida em perigo. Alguns estavam de férias e abandonaram as suas famílias para ajudar numa zona onde ninguém sabia se explosivos ou atiradores furtivos”, terminou.
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