O discurso que queria unir Espanha dividiu-a ainda mais
Felipe VI falou ao país sobre a situação na Catalunha e, condenando as autoridades catalãs, apelou à unidade nacional. PP e Ciudadanos colocaram-se ao lado do rei, PSOE agradeceu mas pediu diálogo, Podemos e Ada Colau teceram fortes críticas a um discurso que dividiu mais do que aquilo que uniu.
© Reuters
Mundo Felipe VI
Felipe VI decidiu falar ao povo espanhol relativamente à situação que se vive na Catalunha, aproveitando para deixar uma forte mensagem de condenação ao referendo realizado no passado domingo, considerado ilegal pelo Estado espanhol.
O rei não se ficou por aqui, e acusou mesmo as autoridades catalãs de estarem a dividir a região, considerando que o comportamento das mesmas “coloca a estabilidade económica e social da Catalunha em risco”.
Ao condenar e criticar de forma tão veemente a forma como o governo da Catalunha está a lidar com o referendo do passado domingo, Felipe VI marcou uma posição política totalmente alinhada com o Executivo espanhol, liderado por Mariano Rajoy, que desde o início das reivindicações catalãs se tem revelado intransigente.
As reações ao discurso do rei, como era expectável, foram completamente distintas. Um dos primeiros a reagir foi Pablo Iglesias. O líder do Podemos condenou as palavras de Felipe VI, realçando que o rei não foi eleito.
Como presidente de un grupo parlamentario que representa a más de 5 millones de españoles, le digo al Rey no votado: no en nuestro nombre
— Pablo Iglesias (@Pablo_Iglesias_) October 3, 2017
“Como presidente de um grupo parlamentar que representa mais de cinco milhões de espanhóis, digo ao rei não eleito: não em nosso nome”.
Já para o Ciudadanos, partido que tem na sua génese o combate ao independentismo catalão, o rei “deu a cara por todos”.
España necesita esperanza y liderazgo.El Rey ha dado la cara por todos.Es momento de actuar para garantizar la unión de todos los españoles pic.twitter.com/2Do8mt5ho6
— Albert Rivera (@Albert_Rivera) October 3, 2017
“Espanha precisa de esperança e de liderança. O rei deu a cara por todos. É altura de atuar de forma a garantir a união de todos os espanhóis”, escreveu o líder do partido, Albert Rivera.
Ideia semelhante foi proferida por Juan Ignacio Zoido, do PP, que fala numa mensagem “clara e contundente”.
Claro y contundente mensaje de Su Majestad El Rey. Defensa de la unidad de España y los derechos de todos los españoles dentro de la Ley. pic.twitter.com/JAJPTC5W2r
— Juan Ignacio Zoido (@zoidoJI) October 3, 2017
“Clara e contundente a mensagem de sua majestade, o rei. Defesa da unidade de Espanha e dos direitos de todos os espanhóis dentro da lei”, realçou o ministro do Interior.
Por seu turno, o PSOE, principal partido da oposição, emitiu um comunicado para “agradecer a intervenção do chefe de Estado nestes momentos delicados, difíceis e complexos para o nosso país, para Espanha”. Para além disso, apelou ao “entendimento entre todos os catalães e todos os espanhóis”.
Valoración de @gomezdcelis del mensaje del Rey https://t.co/4b2FQdOu7d pic.twitter.com/TCXjx3frNP
— PSOE (@PSOE) October 3, 2017
Por fim, a presidente da Câmara da Catalunha, Ada Colau, discordou da posição da Direita, e considerou o discurso de Felipe VI “irresponsável”.
Ninguna solución. Ninguna mención a los heridos. Ninguna apelación al diálogo. Discurso irresponsable e indigno de un jefe de estado #Rey
— Ada Colau (@AdaColau) October 3, 2017
“Nenhuma solução. Nenhuma referência aos feridos. Nenhum apelo ao diálogo. Discurso irresponsável e indigno de um chefe de Estado”, criticou.
Entretanto, o líder do governo catalão, Carles Puigdemont, afirmou à BBC que a Catalunha vai proclamar independência nos próximos dias. A tensão vai continuar, isso é garantido.
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