Lisboetas querem jardim no Martim Moniz, mas Câmara "não promete nada"
Populares ouvidos na apresentação de requalificação da Praça do Martim Moniz defenderam que o espaço deve ser um jardim e não conter contentores, como prevê o projeto, mas a Câmara de Lisboa respondeu não poder prometer nada.
© Global Imagens
País Requalificação
O projeto de requalificação da placa central da praça, que será responsabilidade do concessionário e deverá começar "em breve", prevê a substituição das estruturas comerciais existentes atualmente por contentores, que serão reciclados e adaptados para receber maioritariamente restauração e comércio local.
Em representação do concessionário que explora o local, Paulo Silva apontou que a "praça apresenta alguns problemas e tem uma oferta comercial reduzida", o que justifica esta intervenção, que dotará também a zona de um parque infantil.
Segundo foi explicado na apresentação, a área de implantação decresce face ao que existe atualmente, e estes módulos deverão ter, na sua maioria, apenas um piso, mas em casos pontuais poderão ser dotados de mais uma zona que funcionará como terraço.
Paulo Silva referiu também que a praça não será vedada em nenhuma altura, e será decorada com arte urbana.
O objetivo do concessionário é também continuar a "desenvolver eventos culturais com a comunidade", como já acontece.
O projeto foi apresentado aos lisboetas na terça-feira à noite, por iniciativa da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, mas não agradou aos presentes.
Durante o debate, foram vários os moradores que pediram que nasça um jardim naquele local, apontando que atualmente já sofrem com o ruído e insegurança que se gera na zona.
Na opinião de Fernanda, moradora na Rua da Madalena e uma das primeiras a tomar a palavra, "as pessoas precisam que a baixa não seja um restaurante a céu aberto", mas sim de "espaços verdes, espaços de vazio e silêncio".
Para a moradora, os contentores, que o projeto prevê que venham a ser decorados com recurso a arte urbana, "são lindíssimos mas não é para aqui".
Esta opinião foi partilhada por outra munícipe, que considerou que "os contentores ficam muito bem é nos navios do Tejo".
"Do que vi aqui, só falta um carrossel para isto ser a feira popular", disse Maria João, manifestando preocupação de que este projeto seja direcionado para turistas e não para a população local.
Na opinião de Susana, esta seria uma "grande oportunidade" para um espaço verde, dado que "esta zona da cidade não tem jardins públicos".
Em resposta, o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado (PS), afirmou ter registado as preocupações e opiniões dos populares quando ao projeto "que está para aprovação" do município, e disse que as ideias serão "discutidas com o executivo".
"Ouvi que a larga maioria prefere um jardim público, e isso ficou muito claro no meu espírito e no meu registo [...] mas não vos vou prometer nada", salientou o autarca.
No debate, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (também eleito socialista) adiantou que a junta pediu à Câmara que lhe passasse a concessão da praça do Martim Moniz, mas viu esse pedido negado.
Já no início deste ano, a autarquia sugeriu que fosse criado ali um espaço verde e um parque de lazer.
"Pessoalmente acho este projeto [agora apresentado] desadequado", salientou, considerando que aquela praça "não precisa de mais esplanadas, e nem de atividade noturna".
Por isso, a Junta vai pedir para lhe ser atribuída a responsabilidade de decisão quanto à realização de eventos que possam perturbar o descanso dos moradores.
Quanto a isto, Paulo Silva alegou que os contratos que serão celebrados para ocupação dos contentores já terão prevista a limitação do ruído, e que "haverá um cuidado criterioso na escolha dos inquilinos da praça", por não ser intenção do concessionário "criar uma perturbação".
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com