Idai: "Portugueses têm melhores condições para recuperar infraestruturas"
O Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, considerou que as empresas portuguesas estarão nas melhores condições para poder ajudar a recuperar muitas das infraestruturas destruídas em Moçambique pelo ciclone Idai.
© Global Imagens
País Brilhante Dias
"As empresas portuguesas estarão nas melhores condições para poder ajudar a que muitas dessas infraestruturas, que foram destruídas e não estejam capazes, possam voltar a funcionar", disse, ressalvando que não quer falar de oportunidades, num contexto tão difícil.
"É com grande tristeza e grande preocupação que vemos a situação" que está a acontecer em Moçambique, disse Eurico Brilhante Dias, considerando que apesar do momento difícil que o país atravessa, este continua a ser um "mercado importante" para Portugal, "pelo número de empresas presentes".
Questionado sobre se os problemas em Moçambique podem constituir uma limitação para as empresas portuguesas, Brilhante Dias responde: "Vamos ver como é que vai ser financiada esta situação".
"Portugal já disponibilizou recursos financeiros, para além da solidariedade, e a União Europeia também. Vamos ver como é que o próprio Banco Mundial e o Banco Africano Desenvolvimento acompanham esta circunstância", disse, lembrando que existe o Programa Estratégico de Cooperação, a nível bilateral, e o compacto lusófono.
Depois do que aconteceu em Moçambique, com o ciclone Idai, Brilhante Dias disse que há agora a perceção de que se tem de investir e recuperar, pelo menos a Beira, a cidade mais afetada, e seguramente infraestruturas de toda a ordem, rodoviárias, ferroviárias, de eletricidade, de saneamento, que têm de ser repostas.
Tudo isto implica "um esforço importante de financiamento, que precisa de vários parceiros. Portugal seguramente participará à dimensão das suas possibilidades, mas precisa do envolvimento de outros atores", defendeu.
Apesar de admitir que nos últimos anos já tinha havido uma redução do investimento direto português naquele país, Brilhante Dias considerou que mesmo nestas circunstâncias, mercados como aquele são sempre importantes para as empresas portuguesas.
O governante recordou que quando se deslocou a Moçambique, em agosto de 2018, havia a perceção que aquele ano já tinha sido melhor que 2017, e que este já tinha sido "um bocadinho melhor que 2016".
Naquela altura, "as empresas portuguesas, apesar de todas as dificuldades, tinham uma mensagem de esperança e havia a ideia instalada na sociedade moçambicana de que os grandes investimentos no gás em Rovuma, trariam, mais tarde ou mais cedo, fluxos financeiros importantes, que permitiriam outro desafogo e outras condições de investimento", lembrou.
Agora, admitiu, essa perspetiva "foi abalada fortemente".
"Mas não é a primeira vez que Moçambique vive uma situação humanitária difícil. E estamos aqui para ajudar", concluiu.
Moçambique prevê que o ciclone Idai provoque este ano uma descida da previsão do crescimento económico em dois pontos percentuais, que era de 3,8%, disse na quinta-feira à Lusa o ministro das Finanças do país, Adriano Maleiane.
"Com este ciclone, nós pensamos que o PIB [Produto Interno Bruto] em Moçambique pode baixar para um intervalo de 1,1% a 2,8%, portanto [o impacto do Idai] é muito forte", declarou Adriano Maleiane, em Washington, na sede do Banco Mundial, no final de uma mesa redonda sobre o ciclone Idai, que contou com representantes de 30 países.
O ministro acrescentou que o Governo moçambicano espera uma subida da taxa de inflação - que no final de 2018 se situava em 3,8% - na ordem de um dígito, devido às necessidades criadas pelo ciclone.
O ciclone Idai, que provocou 602 mortos e 1.641 feridos, terá destruído cerca de 800 mil hectares de campos agrícolas, sendo que a agricultura representa 23% do PIB do país.
A estes estragos juntam-se ainda a deterioração de sistemas de circulação, de transporte e de comunicação, acrescentou o governante.
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