Mudanças climáticas do passado são fundamentais para o futuro do planeta
As mudanças climáticas do passado são fundamentais para compreender o clima no presente e futuro próximo do nosso planeta, defendem investigadores da Universidade de Coimbra, organizadores de um encontro internacional sobre o tema.
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País investigadores
O evento, que decorre na terça e na quarta-feira, é promovido, em conjunto, pelo Centro de Geociências e pelo Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
O grande objetivo do encontro, intitulado "International Meeting on Paleoclimate: Change and Adaptation", é mostrar "como as mudanças climáticas do passado são uma peça-chave para melhorar a compreensão da dinâmica do clima no presente e no futuro próximo do planeta", refere a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.
"Só compreendendo a natureza das alterações climáticas do passado é possível estabelecer, de forma séria e sustentada, modelos de previsão para o futuro. A discussão internacional sobre as alterações climáticas tem sido muito politizada, não tem aproveitado as lições do que o passado fornece - as alterações climáticas já acontecem há muitos milhões de anos --, para estabelecer padrões e cenários da variação do clima para o futuro", afirmam, por seu turno, Maria Helena Henriques e Rui Pena dos Reis, do comité organizador da reunião.
Os também docentes do Departamento de Ciências da Terra da FCTUC assinalam que o conhecimento, sempre baseado na ciência, "é crucial para enfrentar os desafios atuais".
"Por isso, com este encontro, pretendemos estimular uma discussão aberta sobre os sinais paleoclimáticos, a fim de melhorar o nosso olhar para o presente e fundamentar as perspetivas futuras sobre as alterações climáticas", realçam.
O programa do encontro inclui mais de 50 comunicações científicas, quatro conferências plenárias e uma mesa redonda, destacando-se a intervenção de David Grinspoon, astrobiólogo norte-americano que estuda a evolução do clima e a habitabilidade de outros planetas e conselheiro da agência espacial NASA.
De acordo com o comunicado, o investigador norte-americano "tem sido galardoado com múltiplos prémios pela sua atividade enquanto comunicador de ciência, entre os quais se destaca a atribuição do seu nome a um pequeno planeta, o asteroide Grinspoon.
Outra conferência em destaque é a que será proferida pelo cientista brasileiro Jefferson Cardia Simões, pioneiro da glaciologia no Brasil, ramo científico que estuda os glaciares e as implicações do gelo nos fenómenos naturais que ocorrem no planeta.
Segundo a nota da FCTUC, o encontro internacional reúne participantes de Portugal, Brasil, Espanha, EUA, França e Marrocos, e a discussão irá centrar-se em cinco grandes temas: paleoclima no sistema solar - forças externas e evoluções divergentes; mudanças climáticas no tempo geológico: lições para aprender; memória climática no registo geológico, as adaptações humanas às alterações climáticas ao longo do Quaternário e eventos climáticos e interações homem-ambiente.
"Vamos discutir como é que o clima é influenciado por fatores externos à Terra, como é que a Terra exprime essas alterações climáticas ao longo do tempo geológico, que memórias ficaram na superfície da Terra e o que testemunham, como foi a adaptação da espécie humana ao longo do Quaternário e as interações pessoas-ambiente e os eventos climáticos", resumem Maria Helena Henriques e Rui Pena dos Reis.
No âmbito do encontro, os participantes irão efetuar uma viagem de estudo ao Geoparque da Serra da Estrela - que está em processo de avaliação para vir a ser integrado na rede global de geoparques da UNESCO -- onde existem "vários locais com registos exuberantes da ação glaciar ocorrida há cerca de 20 mil anos", refere o comunicado.
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