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Menino com anemia grave submetido com sucesso a transplante inédito

Um menino de quatro anos com anemia aplástica grave foi submetido a um transplante com células estaminais de sangue do próprio cordão umbilical, um tratamento inédito em Portugal realizado no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa.

Menino com anemia grave submetido com sucesso a transplante inédito
Notícias ao Minuto

13:28 - 18/09/19 por Lusa

País IPO de Lisboa

O tratamento foi realizado no dia 5 de abril na Unidade de Transplante de Medula do IPO de Lisboa e o menino tem apresentando uma evolução positiva.

"A recuperação foi dentro do que é esperado com este tipo de transplante e este tipo de células, sem grandes complicações e o menino está a recuperar muito bem e a ir regularmente às suas consultas", disse hoje à agência Lusa a médica hematologista Alexandra Machado.

Antes da transplantação, a criança encontrava-se internada no Hospital Pediátrico Dona Estefânia, tendo sido transferida para o IPO e submetido a quimioterapia e outros tratamentos.

Após a infusão das células estaminais do sangue do seu próprio cordão umbilical verificou-se uma rápida recuperação das contagens de glóbulos brancos e de outros parâmetros da recuperação hematológica e o menino recebeu alta hospitalar um mês após o transplante.

Contactado pela agência Lusa, o oncologista do IPO de Lisboa Nuno Miranda escusou-se a falar deste caso concreto, confirmando apenas que foi a primeira vez que se fez em Portugal um transplante autólogo com sangue do cordão umbilical.

"É uma raridade das raridades", disse o ex-diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, afirmando que "existem alguns casos destes descritos pela Europa e no mundo inteiro, mas são mesmo muito raros".

"Já tivemos muitos casos de crianças com células estaminais congeladas em que dizemos aos pais: 'ok, congelaram mas não vai poder ser usado'", disse o especialista, explicando que o contexto mais frequente é não se poder usar células do próprio nos transplantes pois a criança quando nasce já tem células da doença.

Alexandra Machado, antiga coordenadora do programa de Colheita de Células Progenitoras Hematopoiéticas da Unidade de Transplante do IPO de Lisboa, explicou que a anemia aplástica é uma doença rara e grave que atinge a "fábrica do sangue", a medula óssea.

"A anemia aplástica grave pode ter muitas origens (...) pode surgir na sequência de alguns medicamentos, de algumas infeções virais, de exposição a produtos tóxicos e até de desencadeamento de reações autoimunes, ou seja, o organismo passa a fabricar anticorpos dirigidos contra as suas próprias células", adiantou.

Na falta de glóbulos vermelhos, o indivíduo tem anemia, na falta de plaquetas tem hemorragias várias e na falta dos glóbulos brancos têm infeções de várias origens, disse a médica que integrou a equipa responsável pelo primeiro transplante com células do sangue de cordão umbilical em Portugal entre dois irmãos.

A produção de células sanguíneas pode ser recuperada por terapêutica imunossupressora e nos casos mais graves com recurso a transplante de células estaminais hematopoiéticas, nomeadamente do sangue do cordão umbilical

Neste caso, o que aconteceu foi utilizar as células estaminais do próprio que tinham sido guardadas à nascença, disse Alexandra Machado, adiantando que já tinha sido descrito na literatura pelo menos dois casos de duas crianças com a mesma doença deste menino que também tinham guardado as suas células estaminais do cordão umbilical e cujo transplante foi bem-sucedido", salientou a médica.

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