Ordem dos Engenheiros critica cortes. "O Estado deixou-se enfraquecer"
O bastonário da Ordem dos Engenheiros critica os cortes dos últimos anos, que levaram à saída de engenheiros qualificados do Estado, deixando a administração central enfraquecida para lidar com questões como a da segurança das pedreiras.
© Global Imagens
País Borba
Em declarações à agência Lusa, a propósito da evolução do setor depois do acidente de Borba, há um ano, Carlos Mineiro Aires defende que, "se houvesse vigilância da engenharia", estas ocorrências "evitavam-se, mas o Estado deixou-se enfraquecer".
"Com esta história de cortar e reduzir custos, chegou-se a uma situação em que os quadros existentes nas instituições saíram por limite de idade ou por estarem fartos e não foram substituídos", lamenta o bastonário, garantindo que e "há um défice grande de pessoas adequadas para o desempenho de determinadas funções".
Mineiro Aires está à espera do balanço das intervenções nas pedreiras, que foi prometido pelo Governo, destacando que, "de palpável", não tem conhecimento de qualquer avanço.
"Continua a haver pedreiras abandonadas e temos um problema enorme que não pode pedir que se resolva de um dia para o outro", salienta.
Para o bastonário, há uma questão de segurança, porque "existem muitas pedreiras que nem vedação à volta têm e qualquer pessoa mais incauta aproxima-se e corre o risco de cair", alerta.
Mineiro Aires diz ainda que "as crateras abertas têm uma dimensão imensa" e que deveria haver "um plano de recuperação ambiental para as tapar".
"Não se faz isto em quatro ou cinco meses e tem custos", afirma.
O bastonário reconhece que "o mercado da pedra também passou por uma crise grande" e acredita que "o problema são os meios".
"Os engenheiros servem para acautelar condições de vida e para vivermos em segurança. É o que nós fazemos em toda a atividade", afirma o bastonário, lamentando que "só quando as desgraças acontecem" apareça "alguém a lembrar-se de que os engenheiros têm um papel a cumprir e são essenciais".
"Espero que as coisas evoluam no sentido de haver mais prestígio e mais atenção para a profissão de engenheiro. E que estas questões, estes acidentes, sirvam para que, em conjunto, pensemos em situações de outra natureza, em que existam potencialmente perigos", destaca Mineiro Aires
"Vou estar à espera de uma solução, ou que seja dito o que foi feito, o que está pensado fazer e calendários" para intervenções, conclui o bastonário.
Na tarde de 19 de novembro de 2018, um troço de cerca de 100 metros da estrada municipal (EM) 255, entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, colapsou devido ao deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra para o interior de duas pedreiras, provocando cinco vítimas mortais.
No dia 9 de novembro, em outro acidente, um trabalhador que manobrava uma máquina caiu numa pedreira cheia de água, em Vila Viçosa, tendo morrido.
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