Portugueses atribuem distinção de Macau ao contributo da comunidade
O Instituto Português no Oriente (IPOR) e os dois portugueses medalhados pelo Governo de Macau consideram a distinção como um reconhecimento público da importância e mais-valia da presença portuguesa para a especificidade do território.
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O IPOR, criado em 1989, vai receber na sexta-feira a medalha de mérito cultural, o que, para o diretor, João Laurentino Neves, "é um reconhecimento do serviço público" que a instituição sem fins lucrativos tem vindo a prestar e do seu "contributo para a especificidade cultural de Macau".
"É um reconhecimento do nosso trabalho na promoção da língua portuguesa e do nosso contributo para que essa especificidade de Macau se mantenha e constitua uma mais-valia para a região e uma mais-valia estratégica, na medida em que para Macau está destinado esse papel de plataforma" entre a China e a lusofonia, considerou, em declarações à agência Lusa.
A portuguesa Maria Amélia António, advogada e presidente da Casa de Portugal em Macau, onde reside há 31 anos, vai receber a medalha de serviços comunitários, dois anos depois da associação que lidera ter sido distinguida também pelo executivo local.
"Para mim, esta medalha é uma reafirmação do trabalho que tem sido desenvolvido pela Casa de Portugal", disse à Lusa.
Na perspetiva de Amélia António, o facto de o Governo de Macau continuar a distinguir portugueses, além de chineses, mais de uma década depois da transferência do exercício de soberania do território para a China, "é uma forma de reconhecimento público da presença da comunidade portuguesa e da mais-valia que ela significa para o território".
"Faz sentido face à ideia que o Governo central [chinês] tem do que Macau deve ser", apontou, salientando que a distinção de membros da comunidade portuguesa também "é importante quando aparecem pessoas a dizer e a achar que quem não nasceu em Macau ou não é chinês está um bocadinho a mais, contra a história de Macau".
Amélia António, natural de Lisboa e licenciada em Direito, chegou a Macau em 1982, ainda quando o território era administrado por portugueses, e cerca de um ano depois abriu o seu escritório de advocacia, que mantém.
Em 2003, entrou para a assembleia-geral da Casa de Portugal, criada dois anos antes para "salvaguardar a presença portuguesa e a identidade de Macau, enquanto misto [entre a cultura chinesa e a portuguesa]", que dirige desde 2005, considerando que se conseguiu manter uma "presença que contribui para o enriquecimento da diversidade cultural de Macau".
António da Conceição, que gere um restaurante português, será distinguido com a medalha de mérito turístico.
"Sinto-me orgulhoso e vaidoso, é uma grande honra ser agraciado com a medalha ao fim de quase 17 anos em Macau, é sinal de que os chineses ligam bastante àquilo que os portugueses fazem", salientou.
António destacou o simbolismo do mês em que é distinguido, recordando que, a 20 de dezembro de 1999, o primeiro dia de Macau enquanto Região Administrativa Especial da China, foi chamado a servir cafés no Centro Cultural ao então chefe do executivo Edmund Ho e ao atual, Chui Sai On.
Natural de Fornos de Algodres, distrito da Guarda, António chegou pela primeira vez a Macau, de barco, em 1970 como militar, e regressou a Portugal ao fim de três anos. Depois de uma carreira como técnico de saúde, foi vencido pelo "vírus da restauração", atividade à qual se dedica desde 1986.
Após passagens por vários restaurantes e hotéis, incluindo em Cabo Verde, regressou a Macau em 1997, com 49 anos e já de avião e em 2008 abriu um restaurante com o seu nome, que mantém de portas abertas, partilhando a distinção do Governo com a sua equipa.
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