"Tal como os restantes países, estamos (ainda) muito vulneráveis"
Antigo ministro da Saúde admite que "estamos a travar uma difícil batalha em busca de um equilíbrio que parece impossível de atingir": "De um lado, a proteção da saúde pública, do outro a salvação da economia evitando a devastação provocada pela pobreza"
© Global Imagens
Adalberto Campos Fernandes considera que Portugal, tal como os restantes países, ainda está muito vulnerável na luta contra a Covid-19, reconhecendo que o país está a travar uma batalha em busca de um equilíbrio entre o desconfinamento necessário e a saúde pública. No entanto, lembra, os portugueses de março (tão elogiados pelo comportamento cívico na fase anterior) são os mesmos de julho.
"Nos últimos 4 meses, desde o início da pandemia, registaram-se alterações muito significativas no contexto e nas circunstâncias da nossa vida coletiva (...) Em março fomos expostos à infeção por um vírus mal conhecido para o qual não tínhamos (nem temos) vacina ou tratamento eficaz", observa o especialista em saúde pública numa publicação feita na sua página de Facebook.
Nessa altura, sublinha, "agimos com rapidez e eficácia", protegendo o Serviço Nacional de Saúde através de "um comportamento, individual e coletivo, muito responsável que mereceu o elogio e o reconhecimento internacional".
Daquilo que o ex-ministro da Saúde observa, passados quatro meses "as diferenças são visíveis". "Adotámos comportamentos distintos e integrámos no nosso quotidiano formas diferentes de relação social, no ensino, no trabalho e, de uma forma geral, nos diferentes aspetos da nossa vida coletiva. Somos as mesmas pessoas, com o mesmo perfil de cidadania e idênticas características de povo solidário e responsável", realça.
No momento presente, "a luta contra esta ameaça já não é feita sob a penumbra do desconhecimento". Ou seja, "desde março, aprendemos muito sobre o vírus, nomeadamente, sobre as melhores formas dele, nos defendermos".
Todavia, e "tal como os restantes países, estamos (ainda) muito vulneráveis". E "assim será até ao momento em que a imunidade de grupo se estabeleça ou surja a tão almejada vacina, ou a inovadora terapêutica curativa", lembra Aldalberto Campos Fernandes, salientando que é sabido que os processos de desconfinamento "acarretam, em todo o mundo, riscos para a saúde pública".
"Sabemos também que estamos a travar uma difícil batalha em busca de um equilíbrio que parece impossível de atingir. De um lado a proteção da saúde pública, do outro a salvação da economia evitando a devastação provocada pela pobreza com as inexoráveis consequências sobre a saúde", constata.
O ex-ministro salienta que, neste contexto, se afigura "muito exigente" o equilíbrio entre "a ponderação e o alarme, entre o rigor e a especulação, entre a serenidade e o alarmismo". O balanço certo, defende, "estará na capacidade de encontrar um equilíbrio entre as medidas restritivas da liberdade e de proteção da saúde pública com o apoio à retoma da vida social e económica". No seu entender, "estamos a tempo de o fazer" e "temos condições" para tal. Mas, "para isso todos teremos de fazer a nossa parte".
Adalberto é apologista de uma comunicação oficial "objetiva" e "baseada na factualidade", devendo evitar-se "a banalização pelo excesso e pela desnecessária repetição". "A informação dispersa pouco útil, mal fundamentada favorece a sua desvalorização. A adoção de comportamentos, individualmente responsáveis, em nada ganha com o excesso de ruído", aponta, defendendo que o tempo presente "é o tempo da ação, da coordenação e da colaboração entre entidades".
O sucesso desta nova fase, assevera o ex-governante, "está ligado a uma aliança forte que tem de ser estabelecida entre a saúde pública e os cidadãos e na qual as autarquias têm um papel decisivo".
Por fim, uma nota para os "que persistem em desrespeitar o esforço da maioria e o empenho dos profissionais de saúde". A estes "deverá ser a aplicada a lei de forma justa e criteriosa", defende Adalberto Campos Fernandes, frisando que "o país tem de prosseguir um caminho de progressivo desconfinamento com rigor, transparência e sentido de pedagogia".
"Os portugueses de março são exatamente os mesmos portugueses de julho. A confiança de então não se pode transformar no descrédito agora. Está ao nosso alcance controlar a difícil situação e defender o país", remata.
Nas últimas 24 horas, Portugal registou mais duas vítimas mortais devido à Covid-19, o que traduz uma taxa de variação de 1,13%. No total, já morreram 1.530 pessoas devido ao novo coronavírus por cá. Quanto ao número de infetados, há 39.133 desde o início da pandemia, sendo que 292 foram reportados no último dia (taxa de variação de 0,75%).
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