Dentistas: É preciso reforçar linhas de apoio para "eventual 2ª. vaga"
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas alertou hoje para a necessidade de um reforço das linhas de financiamento para a adaptação dos consultórios de medicina dentária de forma a estarem preparados para uma eventual segunda vaga de covid-19.
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Miguel Pavão, que recentemente tomou posse como bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), falava à agência Lusa no final de uma audiência com o Presidente da República em que apresentou uma análise retrospetiva do impacto da pandemia nesta área da saúde e abordou a questão da formação inicial destes profissionais.
"Falámos do que nos preocupa que tem a ver com uma hipotética segunda vaga e não queremos ser apanhados desarmados e impreparados", disse.
Na análise retrospetiva, explicou, foi apresentado ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o impacto "sem precedentes" da pandemia na área da medicina dentária mostrando "as vulnerabilidades e a inexistência de apoios para a adaptação e mitigação desta crise sanitária".
O bastonário referiu que é preciso reforço das linhas e financiamento que existiram como a "Linha Adaptar", um programa que considera ter sido parco para a adaptação de espaços e consultórios de medicina dentaria e sem priorização para a atividade médica.
Miguel Pavão considera que é necessário agora uma maior e melhor preparação para uma eventual segunda vaga da pandemia, alertando também para a necessidade de uma regulação ao nível dos Equipamentos Individuais de Proteção (EPI) de forma a não existirem discrepâncias dos valores cobrados.
"Há razoes para cobrança claro, ninguém pode ficar indiferente que tem custos, mas não há razão para haver discrepância nos valores cobrados. Se existem linhas de financiamento para os profissionais também é fundamental que os valores sejam regulados", frisou.
Relativamente ao ensino da medicina dentária em Portugal, Miguel Pavão explicou que manifestou a Marcelo Rebelo de Sousa a preocupação da Ordem quanto à falta de oportunidades de emprego em Portugal, alertando para o facto de 14 por cento dos novos médicos dentistas estarem emigrados.
"Forma-se médicos dentistas, mas não há uma adequação ao mercado de trabalho e ficam vidas frustradas de jovens médicos dentistas que não tem outra forma senão procurar a emigração", disse.
Na terça-feira a OMS alertou que três em cada quatro países interromperam total ou parcialmente os serviços de atendimento de medicina dentária devido à pandemia covid-19.
"A covid-19 afetou os serviços odontológicos de uma forma sem precedentes", disse em conferência de imprensa, o chefe de Medicina Dentária do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da OMS, Benoit Varenne.
A inicial falta de preparação dos serviços e a falta de equipamentos de proteção foram causas para a redução de muitas intervenções em clínicas dentárias, tendo as pessoas adiado a suas visitas ao dentista durante o confinamento.
Os serviços odontológicos estão a reabrir aos poucos, mas o novo normal "exige uma adaptação que vai exigir tempo e investimento" e isso vai depender em grande medida do apoio que o governo lhes der, sublinhou Varenne.
Em Portugal as clínicas e consultórios dentários retomaram a sua atividade em 04 de maio com as consultas a serem marcadas previamente por telefone ou correio eletrónico e os utentes a usarem máscara antes de serem atendidos pelo médico.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 749 mil mortos e infetou mais de 20,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.770 pessoas das 53.548 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
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