Família e amigos de português morto em França organizam marcha branca
A família e os amigos de Carlos Soares vão organizar na sexta-feira uma marcha branca na cidade de Pontoise, arredores de Paris, contra a libertação de um dos suspeitos dos disparos da bala perdida que matou o português no início de abril.
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País Homenagem
"[A marcha] É pelo valor da vida humana. Temos dois jovens que foram mortos num bairro complicado, mas onde as pessoas se ajudam e há uma verdadeira comunidade. Esta comunidade, tal como a viúva de Carlos e toda a sua família, não compreende porque é que uma pessoa implicada neste crime é libertada, sem qualquer controlo judiciário", explicou Sandrine Parise-Heideger, advogada da família de Carlos Soares, em declarações à agência Lusa.
O Tribunal de Versalhes libertou na semana passada um dos três suspeitos no homicídio do português, evocando os perigos da covid-19 para o homem mais velho, pai de um dos outros suspeitos. Dos três suspeitos detidos inicialmente, pelo menos dois terão origens portuguesas.
"Este homem, aparentemente, tem o direito de sair armado, ir a um bairro, ameaçar as pessoas, saber que o filho se ia vingar e para a justiça francesa não há problema. Ele não é cúmplice", acrescentou Sandrine Parise-Heideger.
A família de Carlos Soares tem ainda receio que o sujeito, que não tem obrigação de permanecer no território francês, fuja para Portugal.
Tanto o pai como o filho estariam armados e os dois dispararam naquela noite, não se sabendo ainda de que arma saiu a bala que acabou por ferir mortalmente Carlos Soares.
Como fazia habitualmente, o português tinha passado para visitar amigos naquela noite quando uma camioneta atropelou voluntariamente um jovem, que acabou também por morrer, e um dos indivíduos no veículo saiu e começou a disparar com uma arma de fogo. Carlos foi atingido por uma das balas e não resistiu aos ferimentos, tendo morrido nessa mesma noite no hospital. A razão deste duplo homicídio terá sido o alegado roubo de uma mota.
A viúva de Carlos Soares, Pauline, espera poder continuar a contar com presença e solidariedade dos portugueses neste Marcha Branca em homenagem ao seu marido.
"Portugal não é o meu país, é o país do meu marido, mas tornou-se o meu país do coração. As pessoas são autênticas, acolhedoras, calorosas. O facto de o Presidente [da República] me ter ligado às 23:00, mesmo o Presidente francês não o fez. A França tem muito a aprender com Portugal. Admiro os portugueses porque vocês são solidários", disse a viúva.
A marcha foi declarada às autoridades municipais e de segurança da cidade de Pontoise, partindo na sexta-feira às 16:30 de Marcouville, o bairro onde Carlos nasceu e onde acabou por ser abatido a tiro.
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